“Supernova” de Veridiana Leite e “Repositório de Pulsões” de Clarice Gonçalves na Referência Galeria de Arte

Em dezembro, a Referência Galeria de Arte abre duas exposições de artistas mulheres que trabalham com a pintura a partir de olhares sobre o feminino. Na Sala Principal, Veridiana Leite apresenta “Supernova”, uma coleção de paisagens líquidas e noturnas com curadoria de Cristiana Tejo. Na Sala Acervo, Clarice Gonçalves apresenta “Repositório de Pulsões”. São pinturas em acrílica e em óleo sobre tela em formatos diferentes que ou nunca saíram do ateliê ou que foram pouco exibidas, com curadoria de Paulo Vega Jr. As mostras abrem ao público no dia 9 de dezembro, das 11h às 15h, com visita guiada à mostra “Supernova”. Com entrada gratuita e livre para todos os públicos, a visitação é de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h, até 20 de janeiro de 2024. A Referência fica na 202 Norte, Bloco B Loja 11, subsolo, Brasília-DF. Telefones (61) 3963-3501 e (61) 981-623-111 (WhatsApp). Instagram @referenciagaleria.

Supernova

Pinturas
De | Veridiana Leite
Curadoria | Cristiana Tejo
Sala Principal

“O que está ali é o sentir, a intuição. A princípio pode até ter imagens identificadas que são como um ponto de partida, mas o que acontece depois, eu não controlo. Essas paisagens são mais sentimentais do que reais, lugares imaginários do inconsciente. Na verdade, não é somente sobre os sonhos que estou trabalhando, mas sobre as transformações que vou vivendo, mesmo que às vezes sejam de magia e outras perturbadoras.”

Veridiana Leite

Supernova reúne 10 pinturas a óleo sobre tela e fazem parte da mais recente produção da artista visual Veridiana Leite, brasileira de Ribeirão Preto (SP) que reside em Lisboa (Portugal). “A supernova é um fenômeno que ocorre quando uma estrela chega ao fim de sua vida e produz uma explosão que pode atingir um brilho de muitos milhões de vezes maior do que o da estrela antes da explosão, algo comparável ao brilho de uma galáxia inteira”, diz Cristiana Tejo, curadora da exposição. Esta é a segunda vez que artista e curadora trabalham juntas em uma exposição. A primeira aconteceu em 2022, na Galeria NowHere, em Lisboa. “As obras presentes nesta exposição apresentam uma atmosfera noturna, invernal, com ênfase na lua e nos astros celestes, numa espécie de mergulho na psique e nas emoções mais profundas”, completa a curadora.

Veridiana Leite afirma que os trabalhos foram pensados para que os espectadores se movimentem no espaço expositivo, aproximando-se para verem os detalhes e afastando-se para perceberem a totalidade. “Essas telas refletem a noite, mas junto com isso, são também o espaço de tempo entre o pôr do sol e o amanhecer. A esperança dos começos e de certa forma até de enxergar uma luz nessa escuridão. Eu quis ressaltar os reflexos e as luzes que saem da pintura, por isso dessa vez a escolha do fundo escuro”, diz a artista.

Fortemente influenciada pela música, a literatura e a dança, Veridiana parte da obra do filósofo e poeta francês Gaston Bachelard, em especial o livro “A água e os sonhos”, uma reflexão sobre o imaginário das águas, que representam os sentimentos e as emoções. “A dança também foi essencial, ajudou a dar densidade a essas pinturas sendo hora transparentes ora entre linhas e gestos que ajudam a construir o ritmo e movimento das composições. Os reflexos e o espelho, o olhar para dentro, e olhar de frente para as sombras que fazem parte da nossa essência. Colocar a luz e a sombra nesse lugar mais de normalidade. Como diz Bachelard: “o ser que sai da água é um reflexo que aos poucos se materializa: é uma imagem antes de ser um ser, é um desejo antes de ser uma imagem””, ressalta Veridiana.

Repositório de Pulsões
Pinturas
De | Clarice Gonçalves
Curadoria | Paulo Vega Jr.
Sala Acervo

“Arrisco atribuir ao teor ácido das temáticas o não caber em certas narrativas curatoriais e espaços institucionais. Uma delas, ´Pijama` chegou a ser censurada e retirada de um espaço expositivo por trazer à tona justamente o tema a que foi acusada de incitar. A ironia é que a imagem de referência é de uma enciclopédia da editora abril, da década de 50, 60 e que foi largamente distribuída mundialmente.”

Clarice Gonçalves

O curador Paulo Vega Jr. afirma que: “A obra de Clarice Gonçalves é e precisa ser, no mínimo, desconfortável. A artista, que trabalha temas tão em voga na atualidade, porém desde antes deles eclodirem como fortes e grandes tendências na esfera das artes, não cai na sedutora armadilha da ilustração ou da pedagogização de pautas sociais através da produção artística. Ele ressalta que Clarice Gonçalves não produz cartilhas nem panfletos na forma de obras de arte. “Ela produz obras de arte abertas à interpretação e à subjetividade e é isso que sustenta a sua produção e trajetória”.

Em “Repositório de Pulsões”, título emprestado de uma das pinturas da artista de 2005/2006, Clarice apresenta obras que têm em comum o fato de terem sido pouco vistas ou mesmo nunca terem sido apresentadas ao público, quer seja em exposições individuais ou coletivas pelas mais diversas razões. “Porém, habitam há anos o meu ateliê e a minha reserva técnica”, diz a artista. “Frequentemente me vejo retomando temáticas consideradas tabu, visto que continua sendo necessário e urgente o debate das mesmas: O desamparo da infância, a paternidade ausente, o abuso, a violência obstétrica e o neonatal, trabalho reprodutivo e de cuidado (e a misoginia introjetada em todos esses setores), a sexualidade e a integração na natureza são temas recorrentes em toda a minha obra ao longo de quase 20 anos de carreira”, completa Clarice.

São pinturas de momentos e datações diversas, desde os primórdios, em 2005, 2006 em acrílico sobre tela, até obras mais recentes. Algumas delas estão prontas há anos sem as mostrar, sequer virtualmente. Ficaram a amadurecer, ou melhor, esperando a nossa maturação enquanto sociedade para podermos exercer a capacidade de frui-las e repensar nossas existências.

Sobre as artistas

Veridiana Leite (Ribeirão Preto, 1979) vive e trabalha entre São Paulo e Lisboa. É formada em Comunicação Social pela ESPM (São Paulo), em Artes Visuais pela Escola Massana (Barcelona) e pós-graduada em Teatro do Sentidos (Universidade de Girona, Espanha). A pintura é seu principal meio de expressão, mas trabalha também com instalação e cerâmica. Fez residências artísticas em Madrid, Berlim, Tailândia e Lisboa. Participou do 36o SARP (Ribeirão Preto, 2012) e do Programa de Exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto (2019). Realizou algumas exposições Individuais entre elas “I used to be a dancer” no espaço NowHere (Lisboa, 2023) e “Azul” na galeria Adearte, (Ribeirão Preto, 2013). Entre suas mostras coletivas constam “Black Tie” (Espaço Cultural do BNDES Rio de Janeiro, 2013), “Catarse” (Fábrica Bhering RJ, 2014) e “Le Salon des Refusés” (Casa da Luz, São Paulo, 2019).

Clarice Gonçalves é artista visual e mãe solo, vive e trabalha em Taguatinga-DF, é graduada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília e desde 2005 apresenta sua pesquisa pictórica em mostras individuais e coletivas, feiras e premiações pelo país e no exterior. Sua produção aborda temas como socialização, sexualidade, maternidade e animalidade e respectivas performances dentro do contexto social como reflexo de sua pesquisa poética em torno de suas vivências corporais. Seu meio principal de materialização é a pintura, embora cada vez mais os processos performáticos tenham feito parte da criação dessas imagens em pintura através da dança, vídeo e fotografia. Clarice é integrante do Coletivo Matriz, um coletivo de mães artistas do DF que desenvolve lambes e intervenções urbanas na cidade. A artista foi finalista do prêmio PIPA online 2022 e participou de sua primeira residência no final do ano passado, no Centro Cultural Pé Vermelho, em Planaltina. Em 2023 foi premiada no III Salão Mestre d’Armas — Arte Contemporânea.

Sobre os curadores

Cristiana Tejo (Recife, 1976) é Doutora em Sociologia (UFPE) e co-gestora do projeto e espaço NowHere (experimentos e trocas artísticas) com Marilá Dardot e Luiza Baldan, uma iniciativa experimental para pesquisas, diálogos e práticas em arte contemporânea, que tem sede em Lisboa. É curadora das residências artísticas do Hangar – Centro de Investigação Artística, em Lisboa. É investigadora do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa e foi pesquisadora do projeto Artists and Radical Education in Latin America: 1960s and 1970s financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia de Portugal. Fez parte do time curatorial do Panorama da Arte Brasileira 2022 do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tem se dedicado a projetos que visam o intercâmbio internacional entre o Brasil e o Exterior, a profissionalização dos artistas e a pensar o campo da curadoria de arte no Brasil. Foi cocuradora do 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM – SP, com Cauê Alves, em 2011. Foi Diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (2007-2009), curadora de Artes Plásticas da Fundação Joaquim Nabuco (2002-2006), Curadora do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2005-2006), curadora visitante da Torre Malakoff (2003 – 2006) e curadora do 46º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (2004-2005). Coorganizou o Guia do Artista Visual – Inserção e Internacionalização, editado pelo Ministério da Cultura do Brasil em parceria com a UNESCO (2018). Foi organizadora do livro Paulo Bruscky – Arte e Multimeios (2014) e Cinco Dimensões da Curadoria (2017). É conselheira do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Vive e trabalha em Lisboa.

Artista, curador, pesquisador e professor, natural de Rio Grande/RS, Paulo Vega Jr. é licenciado em Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas pela Universidade de Caxias do Sul (2008), Mestre em Artes pela Universidade de Brasília (2013) e Doutor em Artes pela Universidade de Brasília (2018). Fez seu Estágio Doutoral na Universidade de Varsóvia, no Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos. Pesquisador-membro do GEPPA – Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Artísticas da Universidade de Brasília, seus principais temas de interesse são: Arte Conceitual – anos 1960/1970; Arte Contemporânea; Arte Neoconceitual/Pós-conceitual; Autobiografia; Conceitualismo Romântico; Cotidiano; Identidade; Memória; Relação Arte/Vida.

Serviço:

Supernova
Pinturas
De | Veridiana Leite
Curadoria | Cristiana Tejo
Sala Principal

Repositório de Pulsões
Pinturas
De | Clarice Gonçalves
Curadoria | Paulo Vega Jr.
Sala Acervo

Visitação | até 20/01/2024
De segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 10h às 15h
Entrada | Gratuita
Classificação indicativa | Livre para todos os públicos
Onde | Referência Galeria de Arte
Endereço | 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo
Asa Norte – Brasília-DF
Telefone | +55 (61) 3963-3501
WhatsApp | +55 (61) 98162-3111
E-mail | [email protected]
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