“Os Cães” encerram temporada com apresentação gratuita no Espaço Semente, Gama. Baseado em “Morro dos Ventos Uivantes”, espetáculo destaca memórias e críticas sociais. Acessível em Libras

Após a estreia com casa lotada no Dia da Mulher, o público terá a oportunidade de conferir a última sessão da temporada de “Os Cães”, no Espaço Semente, no Gama. O espetáculo inédito conta com dramaturgia de Cris Rocha e Simone Marcelo e é realizado recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC/DF).

Na adaptação, a trama “Os Cães” do livro “Morro dos Ventos Uivantes” é expandida para o palco em recortes que se mostram como memórias sobrepostas, no qual passado e presente se confundem. Personagens femininas marcantes, a velha, a serviçal, a louca, a histérica, a deusa, a monstra, a musa, a jovem, a bruxa e a trouxa, narram e apresentam o enredo, guiadas pela forte presença de uma das possíveis almas da escritora Emily Brontë.

A escolha da obra nasceu com um projeto de experimentação conduzido por Guto Viscardi, cenógrafo, figurinista, artista plástico-cênico e professor, que partiu em fevereiro de 2018 sem concluir aquilo que ele chamava de “Processo Brontë”. A convite dele, Cristiane Rocha ingressou no início do processo para uma parceria na direção e, logo após sua partida, Simone Marcelo assumiu para seguirem juntas a missão de manter vivo esse projeto e sonho de realizá-lo na companhia dos atores integrantes da Mundin cia de teatro.

O espetáculo Os Cães discute questões do universo feminino e sua relação com os valores impostos por um sistema patriarcal. “A pressão do patriarcado se apresenta como fantasmas tentando resolver questões que afligem as mulheres em cena. Personagens desagradáveis, possessivos, debochados, permeiam uma história que só fará sentido para quem acredita que nem tudo é explicado pela razão.

Sobre a obra original – O Morro dos Ventos Uivantes

O romance “Morro dos Ventos Uivantes” foi publicado em 1847, por Emilly Brontë, uma importante escritora britânica de origem pobre e filha de um Pastor protestante. Órfã de mãe, cresceu com seus irmãos, e pai. Todos eram muito imaginativos e desde crianças começaram a criar mundos ficcionais e escreviam muito bem. As irmãs Brontë: Anne, Emily e Charlotte se tornaram escritoras bastante conhecidas e posteriormente reconhecidas por suas genialidades e o que causou espanto na época e ainda causa, foi o fato das irmãs conseguirem publicar livros tão profundos, mesmo sendo mulheres pobres e vindas do campo.

Em vida, Emily viu O Morro dos Ventos Uivantes vender apenas duas cópias. Mal imaginava ela que seu único livro entraria para o cânone dos clássicos da literatura inglesa. E que seria adaptado para as telas do cinema e estaria hoje nos palcos do teatro.
A obra em questão conta de forma tempestuosa a história de Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo, Heathcliff. Ela, uma garota selvagem e mimada. Ele, um menino rústico, cuja capacidade de odiar foi moldada pela crueldade de todos ao seu redor. Contudo, não se trata de uma história de amor, mas sim de sua transfiguração em obsessão, ressentimento, raiva e vingança.

Ao desenvolver sua narrativa, Emilly nos fala sobre preconceitos e tece diversas críticas sociais muito latentes ainda hoje.

Ficha técnica

Elenco: Ana Carolina C., Cláudia Moreira e Denis Camargo
Dramaturgia, Direção, Figurinos e Cenografia: Cris Rocha e Simone Marcelo
Criação e design de Luz: Marcelo Augusto
Identidade visual: James Fensterseifer
Fotografia: Nina Quintana
Sonoplastia: Glauco Maciel
Execução de Cenário: James Fensterseifer
Produção: Maria Maria Produções
Assessoria de Imprensa: Tato Comunicação

Serviço

Sábado, 30 de março
Espaço Semente
St. Central – Gama
Horário: 20h
Entrada gratuita
Recurso de acessibilidade: Libras