A exposição “Rosana Mokdissi – O gesto como ponto de partida” inaugura em Brasília, revelando 34 obras que exploram o gestual da pintura na CAIXA Cultural
A CAIXA Cultural Brasília inaugura a mostra “Rosana Mokdissi – O gesto como ponto de partida”, da artista plástica radicada em Brasília Rosana Mokdissi. A exposição com curadoria de Agnaldo Farias apresenta um recorte da produção da artista realizada entre os anos de 2020 e 2023.
A mostra, que estreou na CAIXA Cultural São Paulo no ano passado, chega à capital federal com 34 obras que investigam o gestual da pintura e a sua materialização sobre a tela. A mostra fica em cartaz até o dia 3 de novembro na Galeria Vitrine, com visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. A entrada é franca e livre para todos os públicos. A CAIXA Cultural Brasília fica no SBS Quadra 4, Lotes 3 / 4.
A mostra, que desembarca em Brasília no início de setembro, traz ao público dois momentos da produção da artista ao longo de quatro anos: De 2020 a 2021 e de 2022 a 2023. O primeiro período dessa produção, que compreende o auge da pandemia e do isolamento social, levou Rosana Mokdissi a radicalizar certos processos. O segundo, apresenta uma intensificação no gesto da pintura.
Esses períodos, no entanto, se atravessam e se sobrepõem, criando áreas de interseção, onde transitam cores, palavras, suportes, materiais e técnicas. “O resultado ela nos apresenta nesta exposição constituída por uma produção densa, com séries distintas não obstante aproximadas”, ressalta o curador.
De 2020, quando a pandemia exigiu meses de confinamento, estão obras que, segundo o curador, parecem grandes palimpsestos. “Era o nome dado aos antigos pergaminhos e papiros que, em virtude de seus altos custos, tinham seus textos raspados para serem reaproveitados”, explica Farias. A lona pintada de dourado, com tarjas escuras, feitas de spray, é um exemplo da produção de 2020. Sugere a existência de um texto ocultado pela tinta. “Já o dourado, com sua carga simbólica, faz supor que algo eloquente emanava dali”, diz o curador.
“Essas pinturas reforçam a ideia de que a história da humanidade se vai construindo a partir de escombros, sobre resíduos materiais e imateriais de tempos e espaços amalgamados”, completa Agnaldo Farias. A peça, com mais de um metro e meio de altura e quatro de largura, é um dos destaques da mostra.
Em outra obra da mesma série, no entanto, o texto se sobrepõe. As letras em branco formam, repetidamente, a palavra “give up” (desista, em inglês) por cima de um fundo marrom, preto e cinza. “A desistência se afirma pela repetição, pelo acontecer continuado, uma espécie de defesa da inação montado por um mesmo gesto obstinado”, explica Agnaldo. O trabalho tem quase dois metros de altura e de largura.
Entre 2021 e 2022, a artista aposta em novas escolhas. Em uma das obras, usando várias texturas de grafite, Rosana traçou linhas retas e circulares sob o branco sujo da tela. Na diagonal, inseriu uma linha grossa e vermelha. “A obra diferencia-se das anteriores em virtude de sua natureza vaga, atravessada por gestos desencontrados, alguns menos seguros, balbuciantes, outros nítidos, finos, cortantes, retilíneos e circulares, espiralados, emaranhados”, aponta o curador.
Nessa fase, os gestos também aparecem de outra maneira – efusivos, em certos casos. A tinta, de textura líquida, é arremessada contra a tela. Rosana utiliza uma espécie de vareta para criar os riscos, que se cruzam dentro e fora do espaço sem cor, preservando a intensidade dos arremessos.
Mais cor
As cores e um certo ar primaveril estampam as obras produzidas em 2022. Formas circulares, lado a lado, fazem lembrar as árvores abarrotadas de flores. “Os múltiplos círculos se acumulam, interpenetram-se, chegam à tona, disputam o espaço entre si e entre os ramos pretos, semelhantes a raízes, feixes expressivos, nervosos, produzidos por spray”, explica o curador.
Sobre a artista
Rosana Mokdissi é artista plástica há 20 anos. Ao longo desse tempo, além de desenvolver projetos artísticos, buscou aprimoramento e novas experiências na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em aulas com o pintor Sérgio Fingermann e workshops com Charles Watson. Vive e trabalha em Brasília.
Sobre o curador
Agnaldo Farias é professor doutor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Foi curador geral do Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, do Instituto Tomie Ohtake (2000/2012) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1998/2000). Curador de exposições temporárias do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1990/1992). Em relação à Bienal de São Paulo, foi curador geral da 29ª Bienal de São Paulo (2010), da Representação Brasileira da 25a. Bienal de São Paulo (2002) e curador adjunto da 23a. Bienal de São Paulo (1996).
Curador internacional da 11a. Bienal de Cuenca, Equador (2011), do Pavilhão Brasileiro da 54a. edição da Bienal de Veneza (2011), e curador geral da 3ª Bienal de Coimbra, 2019. No começo de tudo, em 1972, foi “roadie” (peão do rock) dos Novos Baianos, no álbum “Acabou Chorare”. Recebeu o prêmio “Melhor retrospectiva” da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, 1994, pela Exposição Nelson Leirner, e o Prêmio Maria Eugênia Franco, da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, pela melhor curadoria de 2011.
Serviço:
Rosana Mokdissi – O gesto como ponto de partida
De | Rosana Mokdissi
Pinturas
Curadoria | Agnaldo Farias
Onde | Galeria Vitrine
CAIXA Cultural Brasília
SBS – Quadra 4 – Lotes 3/4 – Brasília – DF
Visitação | Até 03/11
De terça a domingo, das 9h às 21h
Classificação Indicativa | Livre
Acesso para pessoas com deficiência
Informações | (61) 3206-9448 e (61) 3206-9449 www.caixacultural.gov.br
Entrada | Franca
Patrocínio | CAIXA