Jornada cênica tem samba brasiliense como pano de fundo desconstrói o mito do “malandro”. Espetáculo cênico musical Malandro Batuqueiro, sobre o samba estreia sexta (24)

Qual a cara no malandro, personagem quase mítico do samba, em 2023? Para problematizar essa e outras perguntas o espetáculo “MALANDRO BATUQUEIRO” nos apresenta Dália, Jeremias, Jonas, Lourranne, Michael, Rosa e Tersa.

Sete moradores do Jardim do Éden, bairro fictício nos arredores de Brasília. A peça, que tem como pano de fundo o samba, nos põe em contato com os personagens ansiosos, já que depois de anos com o barracão parado por cortes orçamentários do governo local e restrições impostas pela COVID-19, a escola de samba Unidos do Jardim do Éden se prepara para reabrir seus portões.

E é dentro desse barracão de madeira, ferro, zinco e chão batido que nossos personagens irão rir, chorar, amaldiçoar derrotas, relembrar dores e glórias, encontrar e desencontrar o amor. Golpes certeiros que a vida dá, mas que são incapazes de derrubar os moradores do Jardim do Éden. Tanto tempo com o pé no chão batido de terra parece ter os ensinado a aguardar com esperança, resignação e calma pelo retorno do sol depois das tempestades.

SOBRE O ESPETÁCULO

O espetáculo cênico musical MALANDRO BATUQUEIRO que estreia em março de 2023 em Brasília tem uma premissa peculiar como ponto de partida: a desconstrução da figura do MALANDRO. Geralmente representado como personagem quase mitológico, e sempre preto, pobre, essencialmente vadio, invariavelmente heterossexual e, não raro, visto como mercadoria social.

Mas seria o MALANDRO apenas aquele tipo sedutor sempre rodeado por mulheres? Aquele que sempre tem uma saída questionável para os obstáculos cotidianos? Ou o que exerce o machismo com tamanha graça e ginga que obtém imediato perdão? Seria justo ver o MALANDRO apenas como aquele que devolve às mulheres o papel de objeto, que muitos atribuem a ele próprio? Em 2023, cabe ainda cultuar este MALANDRO? Ou teria chegado o momento de humaniza-lo, discutindo suas fragilidades? Colocá-lo em um campo de representação distinto daquele que o acompanha e aprisiona há décadas? Sem pretensão teórica, mas com profunda vontade de estimular o debate que possa contribuir com a prática da desconstrução, sobretudo à luz da interferência do feminino, os personagens da peça nascem para investigar as crenças enraizadas no imaginário popular sobre o estereótipo do MALANDRO enquanto figura folclórica e afastá-las das pessoas reais que estão em constante processo de evolução e letramento pessoal e social.

Para propor os debates, a peça nos mostra um grupo de pessoas envolvidas com o samba e o carnaval na periferia da capital federal. Na trama, após anos com o barracão parado por cortes orçamentários do governo do Distrito Federal e as restrições impostas pela COVID-19 a escola de samba Unidos do Jardim do Éden se prepara para reabrir seus portões. Espaço de encontro e abrigo para todos, o local foi construído de forma rústica pelos braços afetuosos dos moradores e moradoras e sempre serviu como uma espécie de refúgio do mundo real. A comunidade, ironicamente intitulada com o nome do paraíso bíblico, ainda hoje enfrenta desafios de saneamento básico e condições dignas de salubridade, após surgir a partir de uma invasão nos arredores de Brasília. Anos mais tarde o povoado ganharia o status, pelo menos no papel, de Região Administrativa do DF. E se é dentro desse barracão de madeira, ferro, zinco e chão batido que toda a gente se encontra, será também nele que nossos personagens irão rir, chorar, relembrar dores e glórias, amaldiçoar derrotas, encontrar e desencontrar o amor. Nada que os derrube, afinal os moradores do Jardim do Éden já aprenderam a esperar com esperança e calma pelo retorno do sol após as tempestades.

SERVIÇO:

ENTRADA FRANCA
DIAS 24, 25 (20h) e 26 (19h) de março
SESSÃO EXTRA 26 (16h)
LINK PARA INGRESSOS: https://www.sympla.com.br/malandro-batuqueiro—espetaculo-cenico-musical__1907853
Teatro Pé Direito – Telebrasília
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 ANOS
Contato: 61-996639268

FICHA TÉCNICA

DIREÇÃO E DRAMATURGIA: BRUNO ESTRELA
PRODUÇÃO EXECUTIVA: SILVIA MELLO
ELENCO: ALINE ARAUJO, ANTTONIO CARLOS, DU OLIVEIRA, JÉSSICA GONÇALVES, LUCAS ROSA, MADELON CABRAL E REGINA SANT’ANA
MÚSICOS INSTRUMENTISTAS: ANDRÉ GOMES, JOÃO BAPTISTA, VALÉRIO GABRIEL
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: DJANE BENTO
DIREÇÃO MUSICAL: FÁBIO LIMA
DIREÇÃO DE COREOGRAFIA: ANTTONIO CARLOS
DANÇARINOS: LUCAS ROSA, JÉSSICA GONÇALVES
DESIGNER GRÁFICO: MELISSA MORAES
CENOTÉCNICO: MARNO MATTE
CENOGRAFIA E FIGURINOS: SILVIA MELLO
FOTOGRAFIA E OPERADOR DE VÍDEO: MAURÍCIO CESAR SANT’ANA MATTE
ILUMINAÇÃO: TAUANA BARROS
INTÉRPRETES DE LIBRAS: NICOLE EVELYN CARVALHO DE OLIVEIRA e VITORIA CRISTINA SILVA
COSTUREIRA: ESMERALDA VIANA DA SILVA