Exposição Xingu 57 reúne imagens feitas pelo biólogo Domiciano Dias, fotógrafo amador, que acompanhou expedição ao Alto Xingu em 1957

O Museu Nacional da República recebe, entre 18 de março e 22 de maio de 2022, acervo inédito de registros fotográficos de uma expedição ao Alto Xingu realizada em 1957. As imagens são de autoria de Domiciano Pereira de Souza Dias, cientista que, na companhia do sertanista Orlando Villas Bôas, desceu os rios Xingu e Liberdade, acessando o coração da região onde hoje se localiza o Parque Indígena do Xingu, mais importante reserva do gênero no Brasil.

Composta por mais de 100 imagens em preto e branco, e algumas coloridas, além de objetos indígenas e uma extensa bibliografia, a exposição Xingu 57: viagem ao Brasil Central resulta da descoberta pelo pesquisador e curador Oto Reifschneider, neto de Domiciano, de centenas de negativos que jamais haviam sido ampliados. Parcialmente comprometidos pelo tempo, os rolos foram submetidos a cuidadoso processo de restauro, que fez reviver a coleção.

Tal qual uma cápsula do tempo, as fotos trazem à tona um episódio de admirável interesse histórico e humano. São bastidores de um período em que os irmãos Villas Bôas angariavam apoio para criação do Parque Indígena, o que ocorreu em 1961, ao mesmo tempo em que faziam contato com diversos povos, com o intuito de estabelecer os grupos dentro dos limites da futura reserva contida no Estado do Mato Grosso.

Para Domiciano, foi uma experiência marcante: “Havia apenas o silêncio, os rastros dos animais nos barrancos de areia. Os índios. Recebi de presente um banco de duas cabeças, mas acabei não voltando para buscar: restou a foto. Era ainda um território selvagem – você sumia no mapa. Foram também semanas de caça, de travessias por nuvens infernais de borrachudos, semanas na selva.”

As fotografias revelam, ainda, o olhar treinado de Domiciano, que alternava, metodicamente, uma câmera Exakta e uma Leica para compor uma espécie de diário visual, com momentos prosaicos e também poéticos, que extrapolam o mero caráter documental. O visitante poderá ver desde detalhes dos trabalhosos deslocamentos rio abaixo até retratos de figuras importantes, como o cacique Bibina, entre outras lideranças, além do próprio Orlando Villas Bôas. Estão retratados personagens, fazeres e aldeias dos Xavante, Mehinako, Kuikuro, Aweti, Txucarramãe, Juruna e Yawalapiti.

“É com alegria que tornamos público esse registro dos povos xinguanos. Ele ajuda a compor um retrato desses povos da floresta, e também do caminho percorrido por aqueles que estiveram a seu lado. Foram 10 anos de conversas, estudos e encontros para melhor preparar e apresentar esses registros de meu avô, hoje com 93 anos de idade.”, afirma o curador e pesquisador Oto Reifschneider.

Sobre Domiciano Dias

Nascido em 1928, em Guaxupé-MG, Domiciano Dias é biólogo, entomólogo, com graduação e mestrado pela Universidade de Cornell, nos EUA, e doutorado pela USP. Ao longo de décadas dedicado à pesquisa científica, estudou insetos sociais, trabalhou na USP, na UnB e no IBGE, lecionando e pesquisando. Além da vida acadêmica, desenvolveu variados interesses, com destaque para a fotografia, hobby iniciado nos anos 1940 que mantém ainda hoje. Mudou-se para Brasília com a família em 1970, onde reside ainda na companhia da esposa, Regina Stella. É pai de 5 filhos, avô de 10 netos e 4 bisnetos.

SERVIÇO

Xingu 57: viagem ao Brasil Central
Fotografias de Domiciano Dias
De 18 de março a 22 de maio de 2022, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h30
Museu Nacional da República, Esplanada dos Ministérios
Entrada gratuita
Classificação indicativa livre

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