Trupe Chá de Boldo lança “rua rio”, álbum criado e gravado ao longo da pandemia. Sexto disco da banda sai nas plataformas no dia 26 de maio e tem show de lançamento no dia 2 de junho, no Sesc Vila Mariana

Três anos após o lançamento de seu último trabalho, “Viva Lina”, a banda paulistana Trupe Chá de Boldo lança, em junho de 2023, o álbum “rua rio”, o sexto da carreira. Concebido durante a pandemia, em um processo inicialmente virtual e posteriormente presencial, o álbum o álbum traz 10 faixas inéditas e reflete um novo momento não só do mundo, mas da própria banda, que completa 17 anos de trajetória. “rua rio” estará nas plataformas digitais a partir do dia 26 de maio e terá show de lançamento no dia 2 de junho, no Sesc Vila Mariana, com participações de Raquel Tobias e Thobias da Vai-Vai.

O trabalho começou a ser gestado ainda no início de 2020, quando as faixas “Ouça onça” (Gustavo Cabelo e Daniel Scandurra) e “Bacurau e tu” (Gustavo Galo e Dimitri BR) entraram no repertório dos shows. Mas foi só na pandemia que se concretizou a ideia de gravar um disco inteiro de inéditas. Por conta do contexto de isolamento social, o processo de criação foi mais espaçado do que o dos cinco discos anteriores da trupe: “Bárbaro” (2010), “Nave manha” (2012), “Presente” (2015), “Verso” (2017) e “Viva Lina” (2020). Este processo longo acabou também por trazer novos temas e sonoridades às canções apresentadas.

Gravado no Estúdio Guevara (no bairro do Bixiga) por Remi Chatain, saxofonista da trupe que assina a produção musical junto à banda, “rua rio” tem mixagem de Gustavo Lenza e masterização de Felipe Tichauer. Mesmo sem ser um disco temático, pode-se dizer que questões relacionadas à natureza, em sentido amplo, perpassam várias das faixas; algo inevitável quando se constata a ação destruidora do homem sob o meio ambiente, que resultou em tragédias como a própria pandemia. Faixas como “A resposta da floresta” (Gustavo Galo, Ciça Góes, Iris da Selva e Marcos Ferraz), “Saracura” (Gustavo Galo e Remi Chatain), “Vira rio” (Gustavo Cabelo e Iara Rennó) e “Mistérios para ouvir” (Gustavo Galo e Lucina) são algumas que se relacionam a esse contexto, seja de modo crítico ou esperançoso.

Um trabalho gestado durante a pandemia

A necessidade de confinamento gerou também novas vivências e dinâmicas de trabalho para o grupo. Enquanto uma parte dos ensaios foi realizada em viagens da trupe para o interior, nos breves momentos de abrandamento da pandemia, outra esfera importante de criação aconteceu durante os encontros virtuais semanais da banda, com conversas sobre as canções, arranjos e a forma que tomaria o disco. Faixas como “Sem mascarar” (Gustavo Galo e Marcos Ferraz), “Enquanto” (Adelita Ahmad e Ciça Góes) e “Pedrada” (Guto Nogueira) surgiram nesses períodos, nos quais a distância – não apenas física – e a necessidade de seguir em frente se tornaram grandes temas da vida.

O fato de alguns integrantes da trupe terem se mudado para outras cidades como Monteiro Lobato e Ubatuba, em contato mais próximo com as águas, também inspirou o disco. Sobre o nome, a banda escreve: “‘rua rio’ é cheio de sentidos, carrega o fluxo de uma rua que traz junto um rio. São duas palavras de grafia tão parecida que apresentam cenários tão diferentes, mas ao mesmo tempo características semelhantes, como fluxo e contorno”. Além disso, vale lembrar que o rio é também urbano e faz parte da cidade de São Paulo – visível ou invisivelmente, como nas águas canalizadas do Rio Saracura, no Bixiga.

Com o repertório definido e boa parte dos arranjos encaminhados, os encontros presenciais voltaram em 2022 e o disco foi gravado a partir do mês de maio. Finalizado neste início de 2023, o álbum terá lançamento no Sesc Vila Mariana, em show que dá início à turnê do novo trabalho.

Entre as 10 faixas do álbum estão composições de diferentes membros da banda, além de parcerias com Lucina, Iara Rennó, Adelita Ahmad, Íris da Selva, Daniel Scandurra e Dimitri BR. Foram convidados para participações especiais os cantores Thobias da Vai-Vai, em “Saracura”, Iris da Selva, em “A resposta da floresta”, Lucina, em “Mistérios para ouvir”, e Raquel Tobias, em “Vira Rio”; e os instrumentistas Beto Villares (sintetizador), Jady Silva (repinique), Larissa Oliveira (trompete) e William Tocalino (trombone).

A Trupe Chá de Boldo é formada por Ciça Góes (voz), Filipe Nader (sax alto), Gustavo Cabelo (baixo e guitarra), Gustavo Galo (voz), Guto Nogueira (percussão), Julia Valiengo (voz), Leila Pereira (voz), Marcos Grinspum Ferraz (sax tenor), Pedro Gongom (bateria e percussão), Rafael Werblowsky (bateria e percussão), Remi Chatain (sax barítono e sax soprano) e Tomás Bastos (baixo e guitarra).

Ficha Técnica “rua rio”

Gravação: Estúdio Guevara (Bixiga, São Paulo) por Remi Chatain
Mixagem: Gustavo Lenza
Masterização: Felipe Tichauer
Participações: Thobias da Vai-Vai, Jady Silva, William Tocalino e Larissa Oliveira em “Saracura”; Iris da Selva em “A resposta da floresta”; Raquel Tobias em “Vira Rio”; Lucina em “Mistérios para ouvir”; e Beto Villares em “Ouça onça”.
Capa: Julia Valiengo e Ciça Góes