A exposição Trans Laerte leva o público a imergir na arte da cartunista Laerte Coutinho, na Caixa Cultural Brasília
Trans Laerte é uma exposição interativa inédita de cartuns, tirinhas e charges dos mais de 50 anos de produção da cartunista Laerte Coutinho, uma das mais importantes artistas brasileiras. Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h, até 05 de novembro de 2023. Com entrada gratuita, o projeto tem patrocínio da Caixa Cultural Brasília, realização Somos Comunicação e produção Via Press Comunicação.
A exposição é uma viagem pela criatividade fascinante de Laerte: TRANSformadora, TRANSgressora e TRANSmidiática. O público terá oportunidade de se conhecer, rever e apreciar uma pequena amostra do imenso talento dessa artista absolutamente genial, se inquietar com sua aguçada inteligência e sensibilidade e se divertir com seu estilo de humor e ironia, aliás, nem sempre fina. Ninguém chegará à porta de saída da mesma maneira que entrou na exposição. Algo da desafiadora, ousada e corajosa Laerte irá junto.
A âncora no fio condutor, TRANS é fincada numa multiplicidade de sentidos, com o propósito de resgatar e valorizar uma brilhante carreira que já conta mais de 50 anos no humor gráfico e na qualidade narrativa. A mostra oferece passagens por diversas fases do trabalho de Laerte como chargista e cartunista, desde a revista amadora Balão até sua produção mais recente, passando por uma intensa produção que inclui charges, tiras diárias, histórias de página única e outras mais extensas. A arquiteta Ana Kalil, responsável pelo projeto expográfico, teve o desafio de condensar cerca de 400 trabalhos da cartunista. Segundo Ana, “Pensar em uma exposição sobre Laerte foi inquietante! Como trazer esse espírito revolucionário e livre para uma exposição? Como fazer com que os personagens “pulem” das tirinhas ou charges e nos apresente a essa artista? É um tira gosto feito com muito cuidado e alguma ousadia desse banquete que é sua vida e sua arte.”
Quem assina a curadoria é Nobu Chinen, pesquisador e escritor de vários artigos e livros sobre histórias em quadrinhos, que criteriosamente fez um recorte do que melhor se produziu no Brasil em termos de arte sequencial. Chinen usa como eixo curatorial a construção de um diálogo da obra de Laerte cartunista com questões política, econômica e social, do país e do mundo. “É uma oportunidade rara de se conhecer, de se rever e de se apreciar o talento dessa artista genial. De se inquietar com sua aguçada inteligência e sensibilidade e de se divertir com seu estilo de humor e ironia, aliás, nem sempre fina”, destaca Nobu Chinen.
Além de Brasília, a exposição irá ocupar a Caixa Cultural Curitiba ainda neste ano.
Serviço Trans Laerte:
Exposição Trans Laerte
Local: Galeria Vitrine da CAIXA Cultural Brasília
Endereço: Setor Bancário Sul, Quadra 4, Lotes 3/4 – Edifício Anexo à Matriz da CAIXA
Temporada: de 28 de setembro a 5 de novembro
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 21h
Entrada: gratuita
Informações: Realização Via Press
Patrocínio: CAIXA
Laerte Coutinho
Laerte Coutinho nasceu em 10 de junho de 1951, em São Paulo. Começou a desenhar ainda cedo para o fanzine Sibila, mas foi na revista amadora Balão, da qual foi uma das fundadoras, no início da década de 1970, que passou a publicar trabalhos que se tornaram mais conhecidos. Venceu o Primeiro Salão de Humor de Piracicaba, em 1974, com uma charge que mesclava referências ao clássico conto infantil de Hans Christian Andersen “Nova roupa do rei” e à realidade dos porões do regime militar, então vigente no Brasil.
Ainda na década de 70 colaborou com o jornal Gazeta Mercantil e passou a atuar ativamente na imprensa sindical. Com a inauguração da Circo Editorial, de Toninho Mendes, em 1985, inicia-se a fase em que Laerte produz histórias mais longas. Nesse período, surgiram algumas de suas melhores criações em termo narrativos e de exploração da linguagem dos quadrinhos como a série Piratas do Tietê; A noite dos palhaços mudos; Penas; Fadas e Bruxas e A insustentável leveza do ser.
Essas histórias saíram em publicações da Circo como Chiclete com Banana, Geraldão e Circo até que em 1990, a editora lançou uma revista só de Laerte: Piratas do Tietê. Também nessa época, lançou as séries de tiras diárias O Condomínio, no jornal O Estado de S. Paulo, e Piratas do Tietê, na Folha de S. Paulo. Colaborou como redator para programas da Rede Globo como TV Pirata, TV Colosso. Pela Circo Editorial lançou mais um título, Striptiras, com republicação de tiras que haviam sido publicadas nos jornais. Já nos anos 2000, Laerte criou diversos personagens e séries como Classificados, Deus, Suriá e Overman. Suas histórias e personagens de suas séries ganharam compilações em álbuns por diferentes editoras. No jornal Folha de S. Paulo, publicou histórias com formato diferente com quatro vinhetas, posteriormente reunidas nos álbuns Laertevisão e Muchacha.
A partir de 2005, Laerte abandonou a fórmula de humor com personagens fixos e passou a usar seu espaço no jornal com tiras de teor mais filosófico com questões sobre política, poder, as relações entre as pessoas, enfim, sobre a existência humana de modo geral. Em 2015, Laerte revela uma nova faceta, a de entrevistadora, com a estreia da série Transando com Laerte. Alguns de seus trabalhos foram adaptados para teatro e cinema, sendo a mais recente a animação Cidade dos Piratas, de 2018, do diretor Otto Guerra.
Vencedora do troféu HQMIX em diversas categorias e em quase todas as edições, Laerte é um dos nomes mais importantes das histórias em quadrinhos brasileiras de todos os tempos. Suas tiras continuam sendo publicadas no jornal Folha de S. Paulo.
Nobu Chinen
Foi editor fanzine Clube do Mangá da Abrademi (Associação Brasileira de Mangá e Ilustração). Entre 1987 e 1989, manteve uma página semanal sobre histórias em quadrinhos chamada VuptVaptPum no jornal Valeparaibano de São José dos Campos. Como escritor teve com conto premiado e incluído na Primeira Antologia de Contos do Vale do Paraíba.
Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Taubaté, em 2013, apresentou a tese de doutorado O papel do negro e o negro no papel: representação e representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros, colaborou com o site Universo HQ, é membro do Observatório de Histórias em Quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e da Comissão Organizadora do Troféu HQ Mix, é professor de Comunicação das Faculdades Oswaldo Cruz e possui vários artigos e livros sobre histórias em quadrinhos.