Espaço Cultural Renato Russo recebe exposição e lançamento de obra literária em homenagem ao ícone do teatro brasiliense, Robson Graia
No dia 01 de junho, às 19h, o Espaço Cultural Renato Russo será palco de diversas homenagens ao artista, diretor e dramaturgo Robson Graia.
O evento marca o lançamento do livro e da exposição ¨Conte-me tudo, não me esconda nada! Ou RG – A identidade de Robson Graia: seus atores e atrizes ¨. Trata-se de uma profunda pesquisa, construída ao longo de 11 anos, que conta a história do ilustre diretor teatral. Uma memória cuidadosamente registrada pelo olhar do ator e escritor Marcelo Pelucio, que reúne depoimentos de nomes relevantes da cena teatral do DF, como Murilo Grossi, Miqueias Paz, Cristiane Sobral, Luciana Martuchelli, Edson Duavy, James Fensterseifer e André Deca, entre outros.
Dono de um legado cultural inquestionável, Robson Graia foi responsável pela formação teatral de grandes artistas. Um homem negro, que se destacou como ator, diretor, dramaturgo, produtor, apresentador e atleta, participando ativamente na luta contra o racismo e por políticas públicas para a área cultural. Conduziu, ao longo de 16 anos, a “Palco Cia. de Teatro”, conhecida atualmente por Instituto Palco Cultura. Nos anos 80 realizou esquetes e apresentações, com suas famosas palco-novelas, no Jogo de Cena. Um momento onde artistas, atores, atrizes e outros profissionais do teatro, cinema e literatura, vivenciaram esse vulcão criativo artístico-cultural.
A obra atrai os olhos de artistas e espectadores que fizeram parte da história de Robson, bem como das novas gerações, conquistando, entre os diversos públicos, uma crítica positiva, emocionante, afetuosa e respeitável à memória de Graia. O lançamento do livro RG ocorre em três etapas. A primeira, em parceria com o Jogo de Cena, aconteceu nesse mês de maio. A próxima etapa será no Espaço Cultural Renato Russo, no dia 01 de junho, às 19h, local onde o jovem Graia atuou como professor. Em mais um reconhecimento de sua importância, o Teatro de Bolso leva o seu nome.
Para a exposição foram selecionados textos, fotos, objetos, músicas e quadros que remetem à sua trajetória. Na programação, além do lançamento do livro e da exposição,
está previsto um momento solene ao ator, além de apresentações artísticas com discotecagem do coletivo, Batidão Sonoro e exibição de documentários. A última etapa do lançamento do livro e da exposição será no dia 19 de agosto, no Instituto Palco Cultura, no Varjão, local onde a história e os sonhos de Robson Graia estão preservados por meio de ações educacionais, ambientais, sociais, culturais e esportivas.
O livro e a exposição contam com a realização do Instituto Palco Cultura, com produção da Central 61 e apoios do Fundo de Apoio à Cultura – FAC, e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, além do Espaço Cultural Renato Russo e Instituto Janelas.
Serviço:
Lançamento do livro e exposição:
¨Conte-me tudo, não me esconda nada! Ou RG – A identidade de Robson Graia: seus atores e atrizes” por Marcelo Pelucio.
Local: Espaço Cultural Renato Russo, 508 sul – Galeria Parangolé.
Lançamento livro e abertura da exposição: 01 de junho às 19h
Período da exposição: 01 de junho a 17 de julho.
Classificação indicativa: Livre
Programação gratuita
Informações: 61 98417-6112 98433 0740 ( whatsapp)
ENTREVISTA COM O AUTOR, MARCELO
PELUCIO. 1 – Quem foi Robson Graia?
Pra mim, Robson Graia não foi. Ele é e está em todo o meu processo de formação de conhecimento sobre atuação. Foi um dos grandes pilares.
Graia é uma entidade, um ser que conseguia reunir várias qualidades e competências numa única pessoa: nesse ser incansável, criativo, revolucionário e irreverente. Como disse Luciane Franco, ele arrancava sua estrela do peito e colocava na sua testa, pra você saber que seus sonhos, destinos, projetos, o que você quisesse ser era pra ser mostrado ao mundo, te desafiando a ser quem você realmente é! Ele te dava a mão e ajudava você a construir esse caminho.
Graia lutou muito em todas as áreas das artes e na política e contra o racismo. Um guerreiro que partiu muito cedo, deixando um legado gigante de aprendizados para seus seguidores, admiradores e aqueles, que porventura, não o conheçam, mas desejam entender um pouco da história do teatro no Distrito Federal.
2 – Como foi o processo de escrita do livro?
Em setembro de 2012, eu estava em Salvador, BA. No meio de um caos particular. Depois de quase 15 anos fora de Brasília, era hora de retornar. Quando saí de Brasília em 1998, saí em busca de teatro, do meu trabalho como ator, fortemente influenciado pelo Robson Graia.
Como retornar a Brasília sem o Graia? Eu soube muito, muito depois da partida dele. E isso ficou na minha cabeça: “vou chegar a Brasília e não há mais o Robson Graia”. Foi aí que me deu um estalo.
Primeiro, pensei que escrever sobre ele seria a forma que eu teria de dizer que estive com ele, que conheço ele, que foi incrível trabalhar com ele. Sim, de fato, foi uma iniciativa um tanto egoísta, numa perspectiva de dizer pras pessoas que eu tinha uma formação, que eu fazia parte do teatro e estava voltando, porque eu entendia o Graia como um grande mestre..
Depois comecei a contar para as pessoas que também fizeram parte do grupo na época em que eu estava lá. Eu mesmo precisava me certificar que, de fato, aquilo tinha acontecido. A memória não é tão sólida como imaginamos e em certos momentos, eu achava que estava até inventando o que vinha das lembranças. E as pessoas começaram a dar seus relatos e confirmar o que eu tinha de memória.
Foi a partir daí que finquei o pé no livro e não saí mais até este ano. Foram 11 anos escrevendo e pesquisando. E acho que ainda faltam páginas para falar desse artista fenomenal!
2 – Quais são suas fontes de inspiração de pesquisa?
Esse estalo de querer escrever se deu por esse viés da falta de memória, de não ter aquele lugar “meu” no teatro, que seria voltar a trabalhar com o Graia. Então, além das minhas memórias e do trabalho que realizei com ele desde 1992 até minha saída do grupo, a obra toda do Graia que fui conhecendo durante as pesquisas foi me mostrando o tamanho e profundidade do Graia. Tudo isso foi me dando o gás pra escrever, e conversar com as pessoas e buscar com a Dona Lúcia, mãe do Graia, tudo o que eu pudesse ter pra falar dele. E fui vendo que não era só um carinha que fazia peça de comédia, como muitas vezes ouvi nos idos dos anos 90. Era um gigante das artes! E quando visitei o Instituto Palco em 2014, com a biblioteca Ilê de Ler, sendo construída com a Dona Lúcia à frente, me dei conta de que seu legado estava se materializando ali. Me deparar com a partida tão repentina de Graia e perceber que a cidade não fala dele, pra mim, me faz pensar que o livro pode ser o alto-falante desse legado.
3 – Você vê paralelos entre suas vivências e as de Robson Graia? O que o Graia deixou de marcas:
Uma sólida formação de trabalho de teatro, na produção, na atuação. A coragem de seguir o sonho, a chama interna sempre acesa, a luta pela arte. Mas não consigo ver paralelos entre minhas experiências com o Graia. O Graia é um gigante, genial. Um estrondo de criação em tudo o que ele fazia. Não parava, uma energia infindável. Produzia sem parar, um articulador, ativista, preocupado com tudo e com todos.
4 – Qual você acha ser o legado do seu novo livro?
O livro pode ser esse porta-voz da vida e da obra de Robson Graia. Quando alguém buscar a história do teatro em Brasília, o jeito de se fazer teatro nos anos 80 e 90, a característica linha humorística, a influência de seus trabalhos no Jogo de Cena e vice-versa, vão poder
encontrar issonaspáginasdesse livro, comavozdemuitosqueoconheceram, trabalharam e viveram com Robson Graia!