Um dos mais tradicionais grupos juninos do DF inicia circuito de apresentações. Quadrilha Chinelo de Couro, formada, majoritariamente, por jovens em vulnerabilidade social, a quadrilha faz parte do Grupo Especial da Liga Independente de Quadrilhas Juninas do DF e Entorno

Da adaptação da celebração pagã do Solstício de Verão pelo catolicismo, surgiu a festa “Joanina”, em menção a São João. A comemoração se expandiu, homenageando também São Pedro e Santo Antônio, todos comemorados no mesmo mês, daí as “festas juninas”. Cristã ou pagã, da roça ou da cidade, da paróquia ou do clube, vai longe o tempo em que este período era suficiente para dar conta da paixão do brasiliense por esse folguedo.

Por aqui, os festejos começam em maio, podendo se estender até agosto. Ensaiando desde janeiro, a quadrilha Chinelo de Couro, já está circulando pelo Distrito Federal e participa, neste fim de semana, de etapas classificatórias das competições XXIII Circuito de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno, promovido pela Liga Independente de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno (Linq-DFE) e I Distrito Junino, a cargo do Instituto Cultural e Social do Distrito Federal (InCS-DF).

Nas classificatórias deste fim de semana, de 16 a 18 de junho, o público poderá se encantar com mais de 30 apresentações em eventos gratuitos realizados no estacionamento do Serejão e no Taguaparque. E a festa continua nas próximas semanas, com etapas já confirmadas para regiões como Samambaia e Ceilândia. O período todo é de muita efervescência, e a expectativa da Chinelo de Couro é realizar, no mínimo, 30 apresentações, rodando todo o DF em competições, concursos, exibições públicas e privadas.

“Assim como a origem camponesa dessa tradição, vivemos uma verdadeira colheita com essas apresentações, onde temos a oportunidade de mostrar o resultado de tanto trabalho, ensaios e esforço coletivo. Outro reconhecimento da qualidade de nosso trabalho é estarmos no grupo especial da Linq-DFE”, afirma Gildivan Rodrigues, presidente do Instituto Chinelo de Couro, mantenedor da quadrilha Chinelo de Couro.

São Sebastião é uma das regiões de mais tradição nessa cultura. Chegou a ter 11 quadrilhas ativas. Hoje são cinco: Chinelo de Couro, Saca Rolha, Formiga da Roça, Santo Afonso, Num Só Piscar. Não é fácil manter a tradição de pé e muitas não resistiram aos custos, ao desinteresse dos jovens e à pandemia. Fundada em 2002, a Chinelo de Couro, mesmo, ficou seis anos parada, retornando às atividades em 2018. Hoje mantém-se com apresentações privadas, apoio da comunidade, e busca financiamentos através de editais públicos. Inclusive, em 2023 a quadrilha foi realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Com perseverança, segue firme na missão de resgatar o valor dessa manifestação, dar oportunidade aos jovens e gerar empregos.

Além de 25 casais, a quadrilha tem entre os personagens o “Padre” e o “Marcador”, que é o que conduz a apresentação, interage com o público e puxa os comandos: “balancê”, “anarriê”, “olha a chuva” dentre outros. Em 2023, a temática é “Mar do Sertão”, que narra as aventuras e desventuras de um triângulo amoroso passado no sertão, em uma performance que dura de 25 a 30 minutos. Definido o enredo, a equipe trabalha ao longo de meses. Maguinaldo Guedes, fundador da quadrilha, hoje coordena a equipe de figurino e dança na quadrilha desde sua fundação. Já Vivi Xavier é a coreógrafa e tem a missão de criar os movimentos coreográficos baseados na temática de cada temporada. Há também toda a parte de logística, cenário e coordenação. Ao final, 75 pessoas se deslocam entre uma apresentação e outra. “Mas indiretamente, tem muito mais gente fazendo acontecer”, esclarece Gildivan.

“No nosso caso, construímos a quadrilha a partir do trabalho social desenvolvido no instituto cultural Chinelo de Couro. São dezenas de pessoas que se beneficiam dos projetos, entre eles o XXIII circuito junino. Temos entre os integrantes jovens de 17 a 25 anos em situação de vulnerabilidade social, que às vezes precisam de auxílio até para frequentar os ensaios. Pois este jovem aprende a dançar, faz amizades, aprende sobre essa rica tradição, desfruta de um ambiente seguro, aumenta o seu repertório cultural e encontra oportunidades em uma Região administrativa que, infelizmente, tem um dos mais baixos IDH’s do DF. A gente tem a alegria de oferecer até turismo. Tem gente que nunca saiu de São Sebastião e ao final do circuito rodou o DF inteiro colhendo aplausos e admiração”, relata Gildivan.

Para assistir às apresentações, basta acompanhar as atualizações da agenda no site e redes sociais.

Serviço:

Calendário Quadrilha Chinelo de Couro
Instagram: @juninachinelodecouro_oficial
Calendário Linq-DFE
Instagram: @linqdfe Calendário Distrito Junino
Instagram: @circuitodistritojunino