A peça “Prisioneiro 12.207”, premiada por sua intensa narrativa sobre a ditadura, retorna como manifesto cênico no 7 de setembro, evocando resistência e memória
Em uma fusão intrigante de história e arte, “PRISIONEIRO 12.207” emerge como um farol de memória cultural, iluminando as sombras da ditadura com a chama da esperança.
Após uma aclamada jornada por festivais nacionais de teatro, onde conquistou cinco prêmios (trilha, iluminação, dramaturgia e ator) e nove indicações (direção, atriz, figurino, cenografia e júri popular), a peça “PRISIONEIRO 12.207” retorna para uma nova temporada após seleção do SESC + Cultura. A obra é uma realização da Casa de Ferreiro Companhia de Teatro, em colaboração com o Sindicato dos Bancários do DF, e busca evocar a memória dos tempos sombrios da ditadura militar, que, em 2024, marca seu sexagésimo aniversário, tendo sido prestigiada por aproximadamente 1500 espectadores.
A narrativa, que estreou em abril, se desenrola em torno de Alex, um comerciante de discos de vinil cuja existência é abalada pelo medo e pela resistência à opressão. Sua prisão é o prólogo sugerido pelo espetáculo que leva ao público com pouquíssimos elementos uma experiência teatral que tem arrebatado o público. Em cena, Alex, devoto da banda Os Mutantes, é capturado e submetido a torturas pelo regime ditatorial enquanto tem debates existenciais com um rato até sua rotina ser alterada pela presença de Martina, uma enigmática mulher que parece emergir do passado, incitando emoções profundas e confrontando-o com verdades capazes de alterar seu destino e o do país.
A peça transita entre o diálogo intenso de Alex com Martina e abstrações menos convencionais que podem marcar pessoas submetidas a situações limite de crueldade. No palco o público testemunha a entrega de dois artistas a uma narrativa que, embora árdua, é redentora, entrelaçando realidade, dor, amor, angústia e esperança em uma tapeçaria dramática de grande impacto emocional que permeia o ambiente ao longo das cenas e após a apresentação quando o público, muitas vezes, se encontra em um estado de catarse coletiva, onde as lágrimas em uma resposta natural à cortante narrativa apresentada. “Essas lágrimas podem ser vistas como um tributo silencioso àqueles que sofreram durante os tempos sombrios da ditadura, e também como um reflexo da empatia humana que transcende o tempo e o espaço” reflete Bruno, que dá vida a Alex, tendo sido duas vezes premiado por sua performance (Paraná e Brasília).
A peça não apenas conta uma história, mas também provoca uma profunda reflexão sobre a fragilidade, a capacidade de resistir e a importância de não esquecer as lições do passado, conforme explica Silvia Viana que completa o elenco ao lado de Bruno” Sempre vemos a peça como uma reverência àqueles que lutaram contra a opressão da ditadura, sacrificaram suas vidas em nome da liberdade e cujos nomes foram, injustamente, omitidos pela narrativa histórica” diz a atriz que enfatiza ainda que o trabalho aspira a ser um toque de alerta para as gerações futuras sobre os riscos inerentes à repetição dos erros históricos.
“As atrocidades que testemunhamos não são eventos distantes; elas são lembretes de que as ameaças à liberdade humana continuam a espreitar entre nós”, encerra Silvia que também produz e, ao lado de Bruno, dirige o espetáculo, que conta com a iluminação premiada de Manu Castelo e Cleiton do Carmo, a trilha sonora também premiada da banda Joe Silhueta, o de figurino por Silvia Mello, a sonoplastia de Marcelo Lucchesi e a direção colaborativa de André Amahro.
O texto da peça, também premiado e indicado em festivais é o resultado de uma pesquisa meticulosa, que mergulha em livros, documentos, poesias e relatos pessoais daqueles que enfrentaram diretamente as violações dos direitos humanos, além de se inspirar nos achados do relatório da Comissão da Verdade, que apurou os delitos do regime autoritário. “Foi uma jornada árdua, mas que apenas fortaleceu a convicção da necessidade de recontar esses eventos, não apenas uma, mas várias vezes, para garantir que a verdade prevaleça sobre qualquer tentativa de distorção”, ele Bruno Estrela, que assina também a dramaturgia.
É importante ressaltar que a peça pode evocar reações emocionais intensas, incluindo gatilhos relacionados a suicídio, abuso moral e sexual. A classificação indicativa é de 14 anos.
Prêmios
MELHOR DRAMATURGIA – II FESTCARAS(DF)
MELHOR TRILHA – XVI FESTIBI (PR)
MELHOR ILUMINAÇÃO – XVI FESTIBI (PR)
MELHOR ATOR – XVI FESTIBI (PR) e FESTCARAS(DF)
Indicações
MELHOR ATRIZ – XVI FESTIBI (PR)
MELHOR DIREÇÃO – XVI FESTIBI (PR) e II FESTCARAS(DF)
MELHOR FIGURINO – XVI FESTIBI (PR)
MELHOR MAQUIAGEM – II FESTCARAS(DF)
MELHOR CENOGRAFIA – XVI FESTIBI (PR)
MELHOR DRAMATURGIA – XVI FESTIBI (PR)
Ficha Técnica:
Dramaturgia: Bruno Estrela
Atuação e direção geral: Bruno Estrela e Silvia Viana
Direção convidada: André Amahro
Música: Joe Silhueta (Gaivota Naves e Guilherme Cobelo)
Sonoplastia e assistência de produção: Marcelo Lucchesi
Figurino: Silvia Mello
Iluminação: Manu Castelo Branco e Cleiton do Carmo
Fotografia: Cleiton do Carmo e Humberto Araujo
Citações poéticas: Alex Polar
Informações: 6199663-9268 (WhatsApp)