O livro Os homens daquela cidade, de Fernando Frota, estreia na ficção com uma crítica bem-humorada ao machismo e explora o impacto de um fenômeno inesperado na masculinidade
Professor universitário aborda em romance questões culturais da sociedade a partir de uma narrativa satirizada e com pitadas de suspense.
“Não aceitamos homens. Favor não insistir”. Tudo começa quando um fenômeno torna impotentes todos os homens de uma cidade. Acovardados, maridos e namorados não compreendem a razão pela qual suas esposas deixaram de passar suas meias no ferro, tirar o barro das chuteiras, engomar as cuecas e só falam em trabalhar fora. Com bom humor e críticas ao machismo, Fernando Frota, que aos 66 anos estreia na ficção literária, explora em Os homens daquela cidade aspectos sociais e culturais enraizados na sociedade.
Na narrativa, a condição que afetou todos os homens, de início, preocupou as mulheres. Aflitas e afetadas por esse estranho acontecimento, elas reúnem-se em assembleia para buscar a solução do problema. Uma delas é Madame Zu, dona do cabaré da cidade, que propõe até instaurar uma CPI para descobrir o que de fato acontece. Outra ideia que surgiu foi ‘importar’ rapazes de outras cidades e até países.
Aos poucos, as mulheres redescobrem seus valores, vontades e sonhos. Não aceitam mais serem coadjuvantes de suas próprias histórias, passam a relacionar-se entre si e começam a questionar “para que serve um homem?”. Sem uma solução para o fenômeno que a devasta, os homens abandonam a cidade. Depois de um tempo, um novo morador chega e precisa descobrir como se encaixar nesta sociedade matriarcal.
Desconfiadas, trocaram de reza, trocaram de marca de vela, trocaram até de incenso.
Uma pendurou patuá no pescoço e jurou fidelidade a todos os seus homens;
outra encurtou uma saia que não tinha mais o que encurtar, e teve aquela que desceu
o decote até onde não podia – e nada. Os homens é que mudaram.
Sérios e silenciosos, preferem jogar dominó à sombra das árvores, encolhidos, apáticos.
(Os homens daquela cidade, p.18)
Apaixonado pela escrita desde os 15 anos, o cearense Fernando Frota, que já publicou os livros de não-ficção O professor transformador: como podemos melhorar nossas aulas e O poder que você tem, inspira-se em autores como Jorge Amado, Machado de Assis e Gabriel García Márquez. Em Os homens daquela cidade, o também professor de língua portuguesa e literatura brasileira entrega mistério e suspense em parágrafos repletos de sátiras.
Ficha técnica:
Título: Os homens daquela cidade
Autor: Fernando Frota
ISBN: 978-65-5822-119-7
Páginas: 80
Formato: 16×21 cm
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Sinopse:
“Já beijou muitos homens. Fios grossos da barba, do bigode e até a penugem do buço a recolher, felizmente, seu batom exageradamente encarnado; dentes fortes machucaram a sua língua, dente de ouro pressionou seus lábios, aparelhos, arames, riscaram sua gengiva, dentaduras mordiscaram as bochechas, a obturação malfeita, a ponte cruzando o céu da sua boca, o vazio da falta de dente, o dente artificial, lisinho, o dente quebrado, fiapos de manga. Já beijou muitos homens.” Mas o que aconteceu com os homens daquela cidade? Um mistério, uma piada sem graça, um terror, o futuro, talvez? Na verdade, há a pergunta que não pode calar: o que aconteceu com os homens daquela cidade? Leia o livro e descubra, ou não.
Sobre o autor:
Fernando Frota é Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. É professor universitário e presidente da ABREI (Associação Brasileira de Educadores para Inclusão). Professor de língua portuguesa e literatura brasileira, ministrou aulas no IBMEC, Faculdade SENAC, FGV Brasília, Academia de Polícia Militar do Distrito Federal e outras instituições.
Autor dos livros “O professor transformador: como podemos melhorar nossas aulas”, “O poder que você tem” e os “Homens daquela cidade”, ele também é romancista, contista, poeta e cronista. É palestrante há mais de 20 anos nas áreas de formação de professores e outros temas. Foi funcionário do Governo federal (Ministério da Agricultura) e do Governo do Distrito Federal (Codeplan). Natural de Fortaleza, atualmente mora em Brasília.