Multiartista brasiliense Nina Coimbra se destaca nos cenários nacional e internacional

Do design às artes visuais, a cenografia e curadoria: a potência criativa de Nina Coimbra Artista brasiliense transita por diferentes linguagens e técnicas para criar um universo poético único, permeado por referências que atravessam culturas diversas e afetos.

Para Nina Coimbra, o ato da criação envolve não só um caráter técnico e intelectual, mas muita sensibilidade. A artista-designer transita por diferentes linguagens, materiais e técnicas e acrescenta, no processo criativo, elementos do intangível, como a ação do tempo e do clima. Seu processo é marcado também pela experimentação e abertura para o novo, lançando-se no aprendizado e no mergulho interno e no diálogo com o Zeitgeist (o espírito do tempo). A artista, designer e diretora criativa, que em maio de 2022 assinou a co-curadoria da Casa Brasil NY, nos Estados Unidos, em breve embarca para o México, onde apresentará um novo projeto internacional robusto e marcado pela brasilidade. 

A relação de Nina Coimbra com a arte veio do berço. Nascida em Brasília, ela cresceu na explosão do rock nacional que teve o ápice de sua efervescência dos anos 1980, na capital brasileira. Sua família é composta por vários artistas e a aptidão pelo universo criativo se manifestou desde cedo. Rodeada por cultura, ela sempre se interessou por descobrir novas técnicas e materiais, expandindo seu trabalho por diferentes mídias. Formada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Nova York, se especializou em restauração e conservação de arte pela Scuola Lorenzo di Medici, em Firenze, na Itália. Foi a partir de então que aprofundou seu contato com o mobiliário e também iniciou sua imersão pelo universo do design. 

Nina Coimbra
Coleção Perene | Foto: Maurício Araújo

“O meu olhar, seja como artista ou curadora, é atravessado por várias referências. Sou polivalente tecnicamente e também no que diz respeito aos interesses artísticos, o que me habilita a estar à frente de curadorias variadas, seja de exposições de arte às trivialidades do cotidiano como playlists de música. Tudo me interessa quando o assunto envolve criatividade. Atualmente, consigo entender que a minha linguagem é justamente a junção desses múltiplos processos e a liberdade de criação”, reflete Nina. 

Ao longo de sua carreira, Nina Coimbra já expôs em mostras coletivas e individuais em espaços como a SUNY Gallery, em Nova York; Funarte Brasília; Centro Cultural Banco do Brasil Brasília; Museu da República, em Brasília; Museu de Arte de São Paulo (MASP) e Museu da Casa Brasileira. Nina também foi responsável por criações nos campos da cenografia e figurino em produções teatrais e cinematográficas, a exemplo do filme “Brasília VR”, de Felipe Gontijo. 

Essa inquietação criativa faz com que ela esteja em constantemente movimento, o que culminou no recente trabalho com cerâmica. A alquimia essencial para a confecção dessas peças, lhe causam muito fascínio e, por isso, ganharam destaque na sua produção, como mostra a coleção “Perene”, recentemente apresentada na edição da Feira na Rosenbaum em Brasília, que reúne também obras do designer e marceneiro Lucas Fragomeni. 

Apesar da familiaridade com a cerâmica, tendo trabalhado com a técnica durante os estudos no curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Nova Iorque e também em suas vivências como arte-educadora, foi a partir de outubro de 2021 que ela mergulhou na investigação do processo e das possibilidades dessa forma de criação. Das experimentações autodidatas aos estudos, incluindo uma temporada no México para aprender a técnica Naked Raku, também chamada como Sacrificial Slip, ela descobre seu próprio universo criativo com a cerâmica. Entre as peças que a designer apresentou na Feira na Rosenbaum estão cobras concebidas a partir desses procedimentos técnicos. 

“Na Sacrificial Slip é criada uma pele em volta da cerâmica que, quando exposta ao fogo e abafada, a fumaça passa pelos craquelados dessa película e desenha belas e exclusivas composições na peça. Essa relação com o fogo me interessa muito e mexe demais comigo porque tem uma ligação com o físico e o etéreo, é mágico, e também um aprendizado da dinâmica dos elementos da natureza e do próprio tempo. Nesse momento, é preciso deixar o processo fluir e, de certa forma, abrir mão do controle”, diz Nina e complementa: “Vem daí a minha vontade de criar essa coleção de cobras, animais pelos quais tenho fascínio há muito tempo, e que também possuem, no seu ciclo de vida, a dinâmica de troca de pele”, conta. 

O compromisso com sua arte faz com que Nina esteja sempre aberta para o novo. Ela continua se aprofundando em suas empreitadas na pintura, escultura, design de produto e mobiliário, cenografia e também como arte educadora. A curiosidade e a vontade de criar movem a artista, que busca suas inspirações em várias fontes, inclusive na filosofia. “Mesmo no mergulho interno, quando preciso me afastar um pouco da prática para me dedicar a estudar, pensar, sentir, estou criando. É tudo parte do processo”, finaliza. 

NINA COIMBRA NAS REDES 

Site: www.ninacoimbra.com
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