Em Desenho o que não cabe em mim, Marcia de Moraes explora temas viscerais e fluidos, traduzindo emoções inefáveis em formas vibrantes e gestos intuitivos

Em seu novo livro, Marcia de Moraes nos conta que desenha aquilo que não cabe dentro de si, o que não consegue expressar através de palavras ou gestos e que o desenho a ajuda a se organizar psiquicamente. Mamilos, fluidos corporais, tentáculos e ossaturas são algumas das figuras que fazem parte do vocabulário imagético da artista. Seus gestos sinuosos aludem a formas com as quais a artista se depara em seu cotidiano.

“Quando eu vejo algo que me chama a atenção, fotografo aquilo ou gravo na memória. Depois, no ateliê, transpasso para o papel. Mas o meu cérebro já modificou a imagem, já conectou e relacionou aquilo a algo que eu vi antes, já misturou tudo. E essa fusão é o que vai para o papel, ou seja, eu deixo uma porta do inconsciente abrir quando estou desenhando. Tudo sai desse lugar, meio sem controle”, comenta a artista.

Desta forma, seus desenhos e colagens feitos com lápis de cor e de grafite sobre papel e suas esculturas em cerâmica esmaltada, podem até parecer abstratos numa primeira visada, porém se mostram um grande acúmulo de figurações quando observadas com um olhar mais atento.

Sob a coordenação de Beta Germano, o livro traz textos da escritora Claudia Lage e da curadora Veronica Stigger, uma entrevista feita pela jornalista e crítica de arte Tatiane de Assis e reúne os últimos seis anos de produção de Marcia. Com projeto gráfico de Thalita Munekata, a publicação apresenta mais de 90 imagens, entre obras e fotos de exposições individuais realizadas pela artista entre 2017 e 2022, como a importante mostra A Terceira, de 2021, feita no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo.

Sinopse

Marcia de Moraes | Desenho o que não cabe em mim reúne trabalhos produzidos pela artista nos últimos cinco anos, entre 2017 e 2022. As obras condensam a prática artística de desenho sobre papel, colagem e cerâmica. O livro, lançado pela Galeria Leme, conta com coordenação editorial de Beta Germano, textos de Claudia Lage e Veronica Stigger e uma entrevista por Tatiane de Assis.

Marcia de Moraes
Marcia de Moraes | Foto: Thomas Rera

Sobre a artista

São Carlos, Brasil, 1981. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Marcia de Moraes busca na abstração do traço e no preenchimento com lápis de cor o endereço poético para suas criações. Sua obra tem a coesão dos procedimentos que emprega; primeiro se dedica ao esboço dos traços feitos com grafite, fluidos e ágeis, para depois preencher com cores intensas as possibilidades delineadas — sem repetir formas ou combinações cromáticas. Seu trabalho é um turbilhão visual em constante transformação, com matizes únicas e traços expressivos.

Suas obras articulam-se em dípticos e polípticos nos quais os traços e cores atravessam os limites do papel, por vezes encontrando continuações óbvias e por ora encontrando elementos díspares. Nas ocasiões em que a artista não se satisfaz apenas com o plano bidimensional ela o corta, fragmenta e o remonta criando uma nova dinâmica entre as partes. Nessas colagens, os pequenos desenhos redimensionados pela cisão, quando remontados num jogo de encontros improváveis em diferentes planos, ganham uma tridimensionalidade inesperada.

Tal exploração tridimensional culminou em sua recente pesquisa em esculturas feitas em cerâmica esmaltada, nas quais está presente o vocabulário imagético que vem desenvolvendo há dez anos em seus desenhos e colagens: línguas, dentes, ovos, cordões umbilicais, estruturas cilíndricas e circulares, ossos, caules, caudas, entre outros.

Marcia de Moraes é Bacharel e Mestre em Artes pela Unicamp. Exposições individuais: Matriz, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2022); A Terceira, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Brasil (2021); História do Olho, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2018), O Sopro, Centro de Arte Contemporânea W, São Paulo, Brasil (2018); Os Fósseis ou as Laranjas, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil (2016); Elaine Arruda e Marcia de Moraes: Cheio de Vazio, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2014); À Deriva no Azul, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Portugal (2011); Saint Clair Cemin / Marcia de Moraes: Correspondance Bresiliènne, VL Contemporary, França (2011); Marcia de Moraes, Centro Universitário Maria Antonia, USP, São Paulo, Brasil (2009-2010); dentre outras.

A artista já fez três residências artísticas: Em 2010 foi residente em La Cour Dieu em La-Roche-en-Brenil, França; em 2011 esteve no Carpe Diem Arte e Pesquisa em Portugal e em 2013 recebeu uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil para fazer uma residência na Fundación Ace na Argentina. Em 2011 ganhou o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil.

Em 2016 foi contemplada com o Pollock-Krasner Foundation Grant, EUA. Em 2022 ganhou o Edital PROAC – Artes Visuais, Exposições Virtuais, Secretaria da Cultura e Economia Criativa de São Paulo. Integra as coleções: Acervo permanente do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, MARP – Museu de arte de Ribeirão Preto, em São Paulo, e Art at Swiss Re, na Suíça.

A artista teve o primeiro livro sobre sua obra editado pela Cobogó, Rio de Janeiro, em 2017 com textos de Paulo Miyada e Camila Belchior. Em 2023 lança seu novo livro com selo da Galeria Leme, com textos de Veronica Stigger, Claudia Lage, entrevista por Tatiane Assis e coordenação editorial de Beta Germano.

Sobre as participantes

Beta Germano

Beta Germano é formada em jornalismo na PUC do Rio de Janeiro e pós graduada em jornalismo de moda no SENAC e História da Arte na FAAP. Nos últimos anos trabalhou como curadora, assinando as exposições Ilha do Ferro: espelho da arte ribeirinha; Natureza: matéria e forma e Corpo Presente. Autora do livro Espaços de Trabalho de Artistas Latino-Americanos, editado pela Cobogó, Beta é, hoje, diretora de conteúdo da plataforma ARTEQUEACONTECE, colunista da Vogue e colaboradora da ELLE DECOR e Estado de São Paulo.

​​Claudia Lage

Claudia Lage nasceu no Rio de Janeiro, é escritora e roteirista. Formada em Teatro pela Unirio, em Letras pela UFF e mestre em Literatura pela PUC-Rio, é autora do Labirinto da palavra, com ensaios-crônicas sobre literatura e criação literária, que, em 2014, recebeu o Prêmio de Literatura de Brasília e foi finalista do Prêmio Portugal Telecom. Em 2019, lançou o romance O corpo interminável, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura na categoria de Melhor Romance de Ficção de 2020.

Tatiane de Assis

Tati de Assis é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás e possui especialização em Artes pela Unicamp. Atualmente é repórter na revista Piauí e atua como crítica de artes visuais. Antes, assinou por quase cinco anos a coluna de exposições da VEJA SP, onde também foi responsável pelo blogue Arte Ao Redor.

Veronica Stigger

Veronica Stigger é curadora independente, escritora, crítica de arte e professora universitária. Foi curadora, entre outras, das exposições Maria Martins: metamorfoses e O útero do mundo, ambas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013 e 2016). Com Eucanaã Ferraz, assinou a curadoria da exposição Constelação Clarice (2021-2022), no Instituto Moreira Salles, e com Eduardo Sterzi e Marta Mestre, a da Desvairar 22 (2022), no Sesc Pinheiros.

Galeria Leme

Desde sua abertura em 2004, a Galeria Leme promove arte contemporânea, através da representação de artistas de gerações e perspectivas distintas, valorizando a multiplicidade de linguagens e técnicas artísticas.

A galeria mantém uma programação anual de exposição, difundindo a produção artística nacional e internacional em seu espaço construído em concreto armado e projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, vencedor do prêmio Pritzker.

Ficha técnica

Título: Marcia de Moraes – Desenho o que não cabe em mim
Autora: de Moraes, Marcia
Ano: 2023
Encadernação: Brochura
Formato: 27 x 21 cm
No de páginas: 160 pp.
Idiomas: Português/ Inglês
ISBN: 978-65-00-58487-5
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