Edições Sesc lançam livro sobre a cantora Leny Eversong na Casa Edições Sesc, na Flip. Obra do pesquisador Rodrigo Faour conta a história de sucesso e decadência da cantora que fez tremendo sucesso nas décadas de 1950 e 1960

O livro A incrível história de Leny Eversong ou a cantora que o Brasil esqueceu, do jornalista e historiador da música popular brasileira Rodrigo Faour, das Edições Sesc, tem lançamento marcado para o dia 25 de novembro, às 19h30, na Casa Edições Sesc, na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). A mesa Leny Eversong, a cantora que o Brasil esqueceu, traz o autor contando a respeito da obra, e a drag queen Carla Freitas para uma performance em que irá se apresentar como Leny.

O livro celebra a obra e a impressionante biografia da cantora paulista Leny Eversong (1920-1984), de grande sucesso nas décadas de 1950 e 60, cujo trabalho foi praticamente apagado em nossa memória cultural e artística. Leny foi uma cantora que conquistou o sucesso tarde, aos 34 anos, e logo já estava se apresentando em alguns dos mais prestigiados palcos do planeta, com temporadas em Hollywood, Nova York, Las Vegas, Paris e outras cidades importantes das Américas Central e do Sul.

Projeção internacional e ruína financeira

Entre a fase de Carmen Miranda e a da explosão da bossa nova, nenhum outro artista – homem ou mulher – brilhou mais do que ela internacionalmente. Foram mais de 700 shows no exterior. No Brasil, atuou em filmes, festivais, novela, teatro e boates, além, obviamente, de diversas emissoras de rádio e televisão.

Leny se destacava das demais colegas de geração por três razões: sua absurda potência vocal, sua figura muito gorda e por cantar em várias línguas. Foi uma mulher que veio da pobreza, tornou-se rica, mas teve um fim digno de um melodrama, devido a uma tragédia familiar que afetou sua carreira e suas finanças. O marido desapareceu misteriosamente em 1973, sem nenhuma razão aparente – e o corpo não foi encontrado. Como era casada em comunhão total de bens e seu dinheiro estava na conta dele, pelas leis brasileiras não podia ter acesso ao patrimônio sem o atestado de óbito. Isto a fez morrer em sérias dificuldades financeiras.

Leny Eversong
Capa do livro de Leny Eversong | Imagem: Ilustrativa

A história e o legado da artista

O livro é dividido em duas partes. Na primeira, “A história de Leny Eversong”, há um resgate da história da cantora, ilustrado com fotos e documentos raros, alguns dos quais doados ao autor pelo (hoje já falecido) filho da cantora, Álvaro, incluindo críticas em que ela é comparada pela imprensa internacional às maiores divas da canção de seu tempo – o que é curioso, pois apesar de cantar em várias línguas com a pronúncia perfeita não sabia falar nenhuma além do português. E na segunda parte, “O legado de Leny Eversong”, são debatidas algumas das razões possíveis para o seu apagamento da história da música popular brasileira, especialmente sob dois pontos de vista.

Para começar, a defesa intransigente do nacionalismo postulado pela imprensa brasileira e pelos historiadores de seu tempo, ao lidar com uma artista que se projetou defendendo um repertório essencialmente internacional e que não se encaixava nos critérios tradicionais ali valorizados. E, finalmente, a sobrevivência de artistas do sexo feminino fora do padrão normativo (de beleza, sensualidade, peso, repertório, voz) na cultura midiática brasileira. Leny sofreu um bullying terrível em sua época por ser gorda – os cronistas sempre a enfocavam citando sua forma física e não raro fazendo apelo ao grotesco, exibindo a cantora nas páginas de jornais e revistas posando em balanças de farmácia, comendo e bebendo tudo o que estivesse a seu alcance ou a comparando a objetos e outros corpos no modelo king size.

A cantora vista por especialistas e artistas populares

Além de depoimentos de diversas cantoras colhidos na imprensa, foram entrevistadas para o livro outras artistas de variadas fases de nossa música que igualmente apresentaram uma corpulência fora dos padrões, tais como Cida Moreira (que assina a orelha do livro), Fafá de Belém, Gottsha, Simone Mazzer e a funkeira MC Carol. Todas confirmaram a dificuldade que tiveram em suas trajetórias por terem uma beleza não normativa. A quarta capa foi escrita pelo jornalista Ruy Castro e o prefácio pelo professor Júlio Diniz, da PUC-Rio, onde originalmente o trabalho foi apresentado como dissertação de mestrado do autor, Rodrigo Faour. Trata-se de seu nono livro publicado, ao lado de títulos como História da música popular brasileira sem preconceitos (em dois volumes recém-lançados), História sexual da MPB e de biografias como as de Dolores Duran, Cauby Peixoto e Angela Maria.

Ficha Técnica:

A incrível história de Leny Eversong ou a cantora que o Brasil esqueceu
Autor: Rodrigo Faour
Edições Sesc São Paulo, 2023
ISBN: 978-85-9493-262-4
Preço de capa: R$ 70,00

Os títulos das Edições Sesc São Paulo podem ser adquiridos em todas as unidades do Sesc São Paulo, nas principais livrarias, em aplicativos como Apple Store e Google Play, e pelo portal http://www.sescsp.org.br/loja

SOBRE AS EDIÇÕES SESC SÃO PAULO

Pautadas pelos conceitos de educação permanente e acesso à cultura, as Edições Sesc São Paulo publicam livros em diversas áreas do conhecimento e em diálogo com a programação do Sesc. A editora apresenta um catálogo variado, voltado à preservação e à difusão de conteúdos sobre os múltiplos aspectos da contemporaneidade.

Serviço

Lançamento do livro “Leny Eversong ou a cantora que o Brasil esqueceu”, de Rodrigo Faour, na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty)
Dia 25 de novembro, às 19h30
Com Rodrigo Faour e Carla Freitas
Casa Edições Sesc
Rua Marechal Santos Dias, 43
(Antiga Rua da Matriz)
Centro Histórico de Paraty, Rio de Janeiro
Entrada gratuita