Chega a Brasília o espetáculo ‘Eu Capitu’, oferecendo uma releitura do clássico romance de Machado de Assis sob a perspectiva feminina, dando voz às mulheres em um mundo narrado por homens
Depois de grande sucesso de público no Rio de Janeiro, Recife e em Belo Horizonte, chega pela primeira vez a Brasília o espetáculo “Eu Capitu”. A produção, que conta com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, visa oferecer ao espectador uma releitura do clássico romance de Machado de Assis pelo olhar feminino.
Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB Brasília (SCES Trecho 2) de 22 de fevereiro a 17 de março de 2024, sempre de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h. Os ingressos são vendidos a preços populares: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Além das apresentações regulares, o projeto contará com sessões acessíveis nos dias 02 de março (com LIBRAS) e 09 de março (com Audiodescrição).
Uma roda afetiva de conversa com a equipe do espetáculo e duas oficinas gratuitas completam a programação que pode ser conferida no site bb.com.br/cultura.
O espetáculo, que traz à cena a história a partir da visão de Ana, uma menina prestes a entrar na adolescência, que vivencia o fim do relacionamento abusivo da mãe, estará em cartaz no Distrito Federal no mês de março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. A obra vem como forma de alertar sobre o aumento nos casos de feminicídio, já que o Distrito Federal se tornou a unidade da federação com o maior número de mortes de mulheres por questões de gênero, de acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Para isso, lança mão de um olhar fantástico e atual para unir a ficção em cena à dura realidade das mulheres vítimas de violência.
“Logo de início, entendi que não queria uma peça realista. Se o assunto era muito duro e pesado, eu queria falar de uma forma doce e lúdica com a criação de um universo simbólico e metafórico”, resume Carla Faour, que chama a atenção pelo fato de a peça dar voz a mulheres em um mundo que tem a narrativa masculina, seja na política, nas artes, na história ou nas famílias. “No texto, o universo todo está na perspectiva desta menina, que sai da infância e entra na adolescência, um momento de extrema vulnerabilidade. Ela tenta então entender as opções da mãe, o que é ser mulher e também o próprio livro de Machado de Assis”, comenta a autora.
Este espetáculo conta com patrocínio do Banco do Brasil, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura.
Espetáculo/Sinopse
Desde pequena, Ana tem por hábito se isolar em um mundo imaginário como forma de fugir dos problemas que enfrenta em casa. Sua mãe, Leninha, vive um relacionamento abusivo com o marido. A tensão doméstica acaba por refletir no rendimento escolar da menina que precisa tirar boas notas em Literatura para não repetir o ano. A prova final vai ser em cima da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. No entanto, a leitura afeta diretamente a menina que passa a enxergar pontos em comum entre o livro e sua vida. Em seu refúgio fantástico, Ana começa a misturar ficção com realidade e recebe a visita de uma mulher misteriosa, que tem o rosto parecido ao de sua mãe. Aos poucos descobrimos que esta mulher é Capitu, a personagem ícone da obra Machadiana. Nesses encontros, Ana dá voz àquela mulher que só conhecemos através do olhar masculino. A improvável ligação entre elas serve à menina, que está entrando na adolescência, como um rito de passagem para o universo feminino adulto, em que ela começa a entender o que significa ser mulher num mundo narrado por homens.
Esta é a história da produção que se baseia nas provocações sobre o original machadiano e reflete sobre machismo, dores e silenciamentos de mulheres contemporâneas.
“No palco, as atrizes encenam uma história que se passa no Brasil de hoje, quando Ana, adolescente presa em um ambiente de tensão doméstica, presencia o fim de um relacionamento abusivo de sua mãe. Para nós interessa instigar o olhar da plateia, convidá-la a imaginar outras possibilidades narrativas, tomar consciência das coisas se valendo de mais de uma perspectiva. Portanto, juntas, levantamos questionamentos e nos apropriamos deles para desdobrá-los ao invés de buscar soluções definitivas”, ressalta Miwa.
A diretora foi convidada para dirigir “Eu Capitu” pelo produtor Felipe Valle, também idealizador do projeto, após testemunhar indiretamente um episódio de violência doméstica em que não conseguiu intervir e teve a denúncia recusada pela polícia. O sentimento de impotência o levou intuitivamente a pensar em ‘Dom Casmurro’. Ao reler o livro com os olhos de agora, Valle percebeu toda a violência contida naquele clássico e resolveu trazê-lo para as luzes da ribalta pelo olhar feminino. “ O convite para direção, escrita e encenação não foi à toa. São as mulheres que vão dar vida a esta história tão atual, eterna, cheia de nuances, simbolismos e de machismos do nosso sempre dia a dia”, pontua.
Atividades extras – Para além da peça e interações, o grupo irá promover oficinas gratuitas. A oficina nomeada “Eu Outra”, que será ministrada por Miwa Yanagizawa, vai propor a busca da construção de fricções entre narrativas pessoais e ficcionais a partir de objetos afetivos escolhidos pelas participantes. Público alvo: Artistas, estudantes de teatro. O intensivo acontecerá no dia 2 de março, das 15h às 18h. Capacidade para 15 pessoas e inscrições também gratuitas via link.
Local: Sala Multiuso – CCBB Brasília
Inscrições: https://bit.ly/EuOutraBSB
Haverá também oficina de produção com Felipe Valle voltada para artistas, produtores e fazedores de cultura, de modo geral. O curso irá abordar, com o produtor e gestor cultural, os passos para a criação, planejamento e elaboração de um projeto cultural. Dentre eles, apresentação, objetivos, justificativa, cronograma, público alvo, contrapartidas, plano de divulgação, democratização do acesso e orçamento. Data: 16/03 – 15h às 18h. Capacidade: 327 vagas.
Local: Teatro do CCBB Brasília
Inscrições: https://bit.ly/OficinaProducaoBSB
FICHA TÉCNICA
Direção Artística: Miwa Yanagizawa / Texto: Carla Faour / Diretora Assistente: Maria Lucas / Idealização e Direção Geral: Felipe Valle / Direção de Produção: Bárbara Galvão, Carolina Bellardi e Fernanda Pascoal (Pagu Produções Culturais) /Coordenação de Projeto: Trupe Produções Artísticas / Elenco: Flávia Pyramo e Mika Makino / Direção Sonora, Trilha Original e Preparação Vocal: Azullllllll / Direção de Arte: Teresa Abreu / Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni / Produção Executiva: Fernando Queiroz / Design Gráfico e Fotografia: Daniel Barboza/ Assessoria de imprensa: Start Capital Comunicação/Produtora Associada: Pagu Produções Culturais / Realização: Trupe Produções Artísticas / Produção local: Villa-Lobos Produções/ Patrocínio: Banco do Brasil
Sobre o CCBB Brasília
O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília foi inaugurado em 12 de outubro de 2000, e está sediado no Edifício Tancredo Neves, uma obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, e tem o objetivo de reunir, em um só lugar, todas as formas de arte e criatividade possíveis.
Com projeto paisagístico assinado por Alda Rabello Cunha, o CCBB Brasília dispõe de amplos espaços de convivência, bistrô, galerias de artes, sala de cinema, teatro, praça central e jardins, onde são realizados exposições, shows musicais, espetáculos, exibições de filmes e performances.
Além disso, oferece o Programa Educativo CCBB Brasília, programa contínuo de arte-educação patrocinado pelo Banco do Brasil que desenvolve ações educativas e culturais para aproximar o visitante da programação em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), acolhendo o público espontâneo e, especialmente, milhares de estudantes de escolas públicas e particulares, universitários e instituições, ao longo do ano, por meio de visitas mediadas agendadas, além de oferecer atividades de arte e educação aos fins de semana.
Desde o final de 2022, o CCBB Brasília, se tornou o terceiro prédio do Banco do Brasil a receber a certificação ISO 14001, sendo que no ano de 2023, obtivemos a renovação anual da certificação, como reconhecimento do compromisso com a gestão ambiental e a sustentabilidade.
A conquista atende à Ação 24 da Agenda 30, que tem por objetivo reforçar a gestão dos programas, iniciativas e práticas ambientais e de ecoeficiência do BB e demonstra o alinhamento do CCBB Brasília a estratégia corporativa do BB, enquanto espaço de difusão cultural que valoriza a diversidade, a acessibilidade, a inclusão e a sustentabilidade porque transformar vidas é parte da nossa cultura.
SERVIÇO:
Espetáculo “Eu Capitu” chega pela primeira vez a Brasília
Local: Teatro do CCBB Brasília (Setor de Clubes Sul)
De 22 de fevereiro a 17 de março de 2024
Quinta a sábado, 20h
Domingo, 18h
* 02/03 – LIBRAS e roda de conversa após o espetáculo
* 09/03 – Sessão com audiodescrição
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada), disponibilizados toda sexta-feira, às 12h.
À venda na bilheteria física ou no site bb.com.br/cultura
Classificação: 14 anos
Duração: 90 min
Formulário de inscrição das oficinas: : https://bit.ly/EuOutraBSB / https://bit.ly/OficinaProducaoBSB