Livro “Engenheiro Fantasma” é o Grande Vencedor do Prêmio Jabuti 2023. Obra do poeta Fabrício Corsaletti foi publicada pela Companhia das Letras

A 65ª edição do Prêmio Jabuti, a mais aguardada cerimônia de premiação do livro brasileiro, ocorreu esta noite, dia 5 de dezembro, no Theatro Municipal de São Paulo. Promovida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), a cerimônia consagrou “Engenheiro Fantasma”, de Fabrício Corsaletti, como o Livro do Ano de 2023. Este ano, o prêmio teve 4.245 obras inscritas, distribuídas em 21 categorias nos eixos de Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação. Confira aqui a lista completa dos vencedores.

Além de ser contemplado com a estatueta dourada, Fabrício Corsaletti receberá o valor de R$ 70 mil e, de forma inédita, uma viagem para a próxima Feira do Livro de Frankfurt, com uma agenda especial elaborada pela CBL para reuniões com editores, agentes literários e outros escritores do mundo todo. A ideia é apoiar a internacionalização do autor e da sua obra.

Outra novidade da premiação em 2023 é a nova categoria, Escritor Estreante, voltada ao escritor ou escritora que tenha publicado sua primeira obra em língua portuguesa no Brasil, no período entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2022. Neste ano o vencedor foi Paulo Fehlauer, com a obra “Extremo Oeste”, publicado pela editora Cepe.

Desde 1958, o Prêmio Jabuti é um patrimônio cultural do país, reconhecendo e promovendo a rica produção literária nacional. A premiação valoriza todos os aspectos do setor editorial, dialogando com diversos públicos e adaptando-se às transformações sociais.

Sandra Annenberg e Ernesto Paglia, renomados jornalistas, foram os mestres de cerimônias. Sandra Annenberg, destacada por sua atuação como apresentadora e repórter, e Ernesto Paglia, conhecido por sua cobertura de eventos nacionais e internacionais, trouxeram sua experiência e carisma para a cerimônia.

A premiação também contou com duas obras com autores em memória. São elas “A notável história do homem – listrado”, de Fayga Ostrower, na categoria Ilustração, e “Educação Natural : textos póstumos e inéditos”, de João Gilberto Noll, na categoria Conto.

Homenagem do Ano

Pedro Bandeira foi homenageado como Personalidade Literária de 2023. Uma cena especial do espetáculo “O Fantástico Mistério de Feiurinha”, baseado no livro do autor, foi apresentada durante a cerimônia.

“É um prazer fazer parte do povo do livro, que sempre está olhando para o futuro. Quero dividir esse prêmio com todos os meus colegas, inclusive aqueles que já se foram. Por Monteiro Lobato, Tatiana Belinky, Ganymédes José, Stella Carr, Edy Lima e Odete Barros Mott. Depois de Ruth Rocha, tenho a grande honra de receber essa homenagem. Nós, autores de literatura infantil, estamos lutando para ter mais bons leitores adultos. Faremos uma geração de leitores poderosa e informada. Viva os leitores de literatura infantil”, disse.

Sevani Matos, presidente da CBL, expressou seu entusiasmo: “O Prêmio Jabuti desempenha um papel fundamental na promoção da pluralidade e diversidade da literatura brasileira, ajudando a construir um país de leitores ao celebrar a riqueza da produção literária nacional e incentivando a leitura. Fico feliz em anunciar que o Jabuti é conhecido por 45,1% dos leitores compradores de livros, de acordo com nova pesquisa encomendada pela CBL e realizada Nielsen Book, que será divulgada na quinta-feira, dia 7 de dezembro, pelos canais oficiais da CBL”, contou.

Hubert Alquéres, curador do Prêmio, conta sobre a importância da premiação. “Essa noite foi uma celebração aos autores, leitores e profissionais do livro por tudo o que fazem pela cultura e a educação no Brasil”. E completou: “Estamos vivenciando uma era de grandes transformações, sobretudo na forma como nos relacionamos socialmente e nos comunicamos. E a organização do Jabuti, ao longo dos anos, tem buscado estar alinhada aos valores da nossa cultura e aos nossos avanços como sociedade. Agradeço a toda equipe que trabalhou para colocar em pé mais uma edição do maior prêmio do Livro Brasileiro.”

A cerimônia, transmitida ao vivo pelo segundo ano consecutivo no TikTok @premiojabuti e no canal do YouTube da CBL, está disponível no link.

Encontros com Autores do Prêmio Jabuti

No dia 7 de dezembro, quinta-feira, 19h, o vencedor do Livro do Ano de 2023, Fabrício Corsaletti, participará de um encontro especial da série “Encontros com Autores” do Prêmio Jabuti. Realizada no Theatro Municipal de São Paulo, gratuita e aberta ao público, a conversa será mediada por Hubert Alquéres, curador e vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro. Atuante nas áreas de cultura e educação há mais de 40 anos, tem uma história antiga com o mais importante prêmio do livro brasileiro: durante seis anos, coordenou a Comissão do Prêmio Jabuti na CBL.

A presidente da CBL, Sevani Matos, também participará deste bate-papo, que compõe a série de Encontros com Autores. Com mais de 20 anos de carreira nas áreas administrativa e comercial, com passagens por empresas nacionais e multinacionais, ela também atuou no setor gráfico de livros. Foi eleita em 28 de fevereiro de 2023 para a presidência da CBL integrando a chapa “O livro nos une”, para o biênio 2023-2025. Sevani já ocupava o cargo de diretora na CBL.

Sobre o Autor do Livro do Ano 2023

Fabrício Corsaletti, nascido em Santo Anastácio, São Paulo, em 1978, e residente na capital desde 1997, é o autor de “Engenheiro Fantasma”, destacando-se no cenário literário brasileiro. Com mais de vinte livros publicados, incluindo “Esquimó”, “Perambule” e “Poemas com macarrão”, Corsaletti é agora reconhecido pelo Prêmio Jabuti.

Sinopse de “Engenheiro Fantasma”

Na obra vencedora da premiação, Fabrício Corsaletti se imagina na pele de Bob Dylan numa suposta temporada passada na Argentina. Apaixonados, engraçados, melancólicos, filosóficos e delirantes, os 56 sonetos deste Engenheiro fantasma configuram uma experiência singular no panorama da poesia brasileira. Neles, Fabrício Corsaletti veste a máscara de Bob Dylan e narra uma temporada de exílio voluntário que o genial letrista norte-americano teria supostamente vivido em Buenos Aires em algum período não-especificado deste século.

Bairros, bares, cafés, lojas, museus e uma profusão de personagens surgem e desaparecem como num truque de mágica ao longo dos 784 versos talhados com precisão de mestre. Há referências, claro, à poesia do compositor de “All Along the Watchtower”, mas menos do que se poderia supor. O que ocorre, de fato, é uma surpreendente mescla da voz dos dois poetas, gerando uma terceira – a que registra essas aventuras portenhas desde já inesquecíveis.