E o Céo Uniu dois Corações foca na graça da troca de personagens entre os atores e na ingenuidade do circo-teatro. Reestreia 10 de março no Commune
Seis atores da cia teatral As Tias se revezam na interpretação dos mesmos tipos para contar uma história que acontece em 11 anos e cinco atos. Direção de Fernando Cardoso.
Com encenção de Fernando Cardoso, o clássico da dramaturgia circense dos anos 40, E o Céo Uniu Dois Corações, de Antenor Pimenta, volta em cartaz dia 10 de março, no Teatro Commune para temporada até 3 de abril, de quinta a sábado, às 20 horas, por meio de projeto aprovado na Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Magazine Luiza. Formada por Maria do Carmo Soares, Cibele Troyano, Salete Fracarolli, Jô Rodrigues, Tato Fischer e Marcos Thadeus (responspavel também pela direção de produção dos espetáculos do grupo), a companhia As Tias recebe como ator convidado Marcelo Andrade (Os Fofos Encenam).
Em sua segunda atuação com o grupo (a primeira foi em Quando Ismália Enlouqueceu), o diretor convidado aposta em sua intuição para explorar a ingenuidade do antigo circo-teatro em sua encenação para o melodrama, tanto na atuação como no tipo de humor. Cardoso, que se vê como um aprendiz do teatro, não um pesquisador/teórico, enxerga leve inspiração no modelo contemporâneo de circo do grupo La Mínima.
As referências do encenador passam, ainda, pelo trabalho de Gabriel Villela em Vem Buscar-me que ainda sou teu, de Carlos Alberto Soffedini. Sem querer pecar pela pretensão, Fernando Cardoso aponta outra fonte, esta, sim, de onde sorveu goles mais generosos: a adaptação teatral do filme 39 Degraus, de Alfred Hitchcock (1899-1980), fruto de obra publicada originalmente em 1915 pelo escocês Richard Hannay.
Produtor responsável pela montagem e integrante do grupo As Tias, Marcos Thadeus estava com saudades dos primeiros espetáculos de sua vida. “Exatamente no circo, mais propriamente no Circo do Veneno, em Piracicaba. Assim resolvemos montar um texto de circo-teatro para relembrar a memória e colaborar com a preservação do legado cultural do teatro popular brasileiro.”
Um dos inspiradores da montagem do clássico da dramaturgia circence é o autor do texto, Antenor Pimenta (1914-1994), dramaturgo e ator de uma das mais tradicionais manifestações de arte popular na década de 40, o circo-teatro. Nascido em Ribeirão Preto, o artista fez carreira no Circo Teatro Rosário e no Gran Rosário Circus, baseando suas criações em elementos da comédia de costumes e do circo-teatro.
Sobre a montagem
Para solucionar a questão de ter mais personagens que seu elenco de seis atores daria conta, Cardoso optou pelo formato de revezamento, onde todos os intérpretes fazem os variados tipos. Transformar as limitações de uma produção enxuta em desafio acionou mais ainda a criatividade do diretor.
Nos cinco atos, além da atuação, os atores permacem no palco o tempo todo, cuiando da sonoplastia, da troca de cenário e tocando a trilha sonora. “Temos um grupo de circo e uma missão. Cada hora a bola está com uma pessoa. E é muito desafiador para nós atrizes podermos interpretar vários personagens no mesmo espetáculo.” O figurino preto revela o conceito de uniforme, onde o colete usado por cada um do elenco guarda em seus bolsos os vários objetos cênicos e adereços que também são comuns a todos. “Eles tiram do colete o que precisam para contar a história, e assim os personagens são revelados para a plateia por meio desses códigos”, explica.
Seis cadeiras e os instrumentos tocadas ao vivo – gaita, xilofone, percussão, escaleta – são elementos para contar uma história que acontece no palco em 11 anos. “Um tipo de teatro lúdico, que revela mais o talento do ator em que a grande riqueza está na plateia comprar a ideia proposta.
Maria do Carmo, com 70 anos, pode fazer um vilão e uma dolescente ingênua e pura”, diz Cardoso, ressaltando que “essa brincadeira é o mais rico do teatro”. Cenário e direção de arte têm assinatura do ator Marcelo Andrade (Os Fofos Encenam). A concepção busca situar a plateia no interior de uma “tenda” circense, sem para tanto usar este recurso. Objetos como revólver, lupa, terço, cartas, copo e garrafas – são representados de forma bidimensaional. Placas de inspiração em comics, desenhos animados.
Sobre As Tias
A companhia teatral As Tias estreou em outubro de 2015 com espetáculo CABARÉ LITERÓTICO MUSICADO, com poemas luxuriosos interpretados, cantados e declamados.
A montagem cumpriu três temporadas na cidade de São Paulo e várias sessões em unidades do SESC, Casas de Cultura da cidade de São Paulo e cidades do interior do Estado pelo Circuito Cultural Paulista.
Em 2018, o coletivo foi contemplado com o 7º Prémio Zé Renato de Teatro da Prefeitura da Cidade de São Paulo e produziu QUANDO ISMÁLIA ENLOUQUECEU, com poemas do Romantismo e Parnasianismo.
A peça esteve em três temporadas na Capital: Auditório da Biblioteca Mário de Andrade (janeiro e fevereiro.2019), Auditório da Livraria Cultura Shopping Bourboun (maio.2019) e Teatro Itália (janeiro e fevererio.2020), além de sessões em Bibliotecas Municipais, Casas de Cultura e unidades do Sesc.
Para roteiro
Espetáculo – E o céo uniu dois corações. Reestreia dia 10 de março, quinta-feira, às 20 horas. Temporada até 3 de abril, de quinta a sábado, às 20 horas.
Ingressos a R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia). Teatro Commune – Rua da Consolção, 1.218 (Metrô Mackenzie).
Ingressos à venda pelo Sympla. https://www.sympla.com.br/e-o-ceo-uniu-dois-coracoes__1476608
Ficha técnica
Autor: ANTENOR PIMENTA. Adaptação: AS TIAS. Direção Artística: FERNANDO CARDOSO. Direção Musical: TATO FISCHER. Direção de Produção: MARCOS THADEUS. Cenografia: MARCELO ANDRADE. Figurinos: VICTORIA MOLITERNO. Iluminação: WAGNER FREIRE. Fotografias: JOÃO CALDAS. Produção Executiva: FELIPPE LIMONGE e NAYARA ROCHA. Designer Gráfico: GIOSTRI. Assessoria de Imprensa: ARTE PLURAL. Elenco: CIBELE TROYANO, JOSELI RODRIGUES, MARCELO ANDRADE, MARCOS THADEUS, MARIA DO CARMO SOARES e SALETE FRACAROLLI.