Espetáculo infanto-juvenil ‘De Mãos Dadas Com Minha Irmã’ reestreia no Sesc Belenzinho, narrando uma fábula de heroína Iorubá através de interações teatro-audiovisual

O espetáculo De Mãos Dadas Com Minha Irmã, com a narração da atriz Léa Garcia (1933 – 2023), conta uma fábula inspirada na Orixá Obá, que dá nome à heroína da história, cuja missão é recuperar a memória e salvar seu povo de uma seca.

Trata-se de uma história sobre irmandade feminina dirigida por Aysha Nascimento, escrita por Lucelia Sergio e com produção da Cia. Os Crespos.

Com montagem que propõe uma interação entre o teatro e o audiovisual, a Cia. Os Crespos apostam em uma pesquisa de linguagem cheia de tecnologia. Lucelia Sergio é a única atriz em cena e interage com os cenários e personagens animadas, como em um “game” projetado em telas no palco.

Trata-se de uma história sobre irmandade feminina dirigida por Aysha Nascimento, escrita por Lucelia Sergio e com produção da Cia. Os Crespos.

Gestado desde meados de 2018, a peça, segundo Lucelia Sergio, representa um marco nos 19 anos de trajetória d’Os Crespos – companhia de teatro que fundou em parceria com o ator Sidney Santiago Kuanza e diversos outros artistas em 2005, quando frequentavam a Escola de Arte Dramática da USP. Após a Cia voltar-se por dois anos ao audiovisual, devido ao período da pandemia, Lucelia retoma as temporadas de estreia nos palcos de São Paulo.

“Estamos com sede de palco. Esse flerte com o audiovisual foi fundamental para esse retorno, através de um espetáculo multilinguagens, com teatro, dança, música e vídeo”, afirma Lucelia Sergio, que dirigiu ao lado de Cibele Appes o curta-metragem da companhia, “Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol” (2021), vencedor do prêmio do Júri de “Melhor Curta-Metragem” do 29º Festival Mix Brasil.

Para “De Mãos Dadas com Minha Irmã”, a companhia aposta em projeções mapeadas de cenários e personagens virtuais que contracenam com Lucelia no palco, para dialogar com crianças e jovens. A direção musical fica por conta de Beth Beli, do Bloco afro Ilú Obá de Min e conta com as vozes de Ailton Graça, Fabiana Cozza, Alzira Espíndola, Lenna Bahule entre outros, para as canções e personagens animadas. Léa Garcia, referência para artistas negras e negros, que nos deixou em agosto deste ano, dá voz à narradora da peça e fará sua estreia póstuma através de personagem virtual criada para a atriz.

Sobre o processo criativo

“Não é à toa que a pessoa tem os olhos voltados para fora, enxergar por dentro exige outra compreensão”, trecho de aforismo das sabedorias de terreiro.

As ilustrações são criadas de forma autoral para o espetáculo, assim como a dramaturgia e a música, que partem de contos e ritmos afro-brasileiros para narrar a trajetória de uma heroína negra.

O nome do espetáculo parte de um capítulo do livro “Ensinando a Transgredir” da escritora estadunidense bell hooks e busca valorizar conceitos de matrilinearidade e de irmandade entre mulheres. O espetáculo se nutre da filosofia iorubá dos povos nagô, para a qual as águas representam a feminina. E é a partir desta ideia que a dramaturgia traça um paralelo entre um mundo devastado pela seca e a desvalorização das mulheres em nossa sociedade.

“Há vinte anos temos a lei 10673/03, que institui a obrigatoriedade do ensino da história afro-brasileira nas escolas, e ainda encontramos muitas barreiras para sua real aplicação. Para nós é urgente não só contar as nossas histórias, mas entender as filosofias que balizam a cultura negra no Brasil, preservando nossas memórias. Ainda hoje é um trabalho quase arqueológico falar sobre nós mesmos, mas esperamos que os jovens e crianças de agora possam ter outras oportunidades.” Afirma Lucelia

Sinopse

Obá é uma heroína que sai de sua terra com a missão de salvar seu povo de uma terrível seca. Longe da sua gente ela perde a memória e tudo o que sabe sobre si é o pouco que lhe contam. Ela terá de entrar no fundo da floresta das feiticeiras ancestrais para encontrar água e reencontrar sua identidade. Mas, para salvar a si mesma e ao seu povo, Obá terá de escutar todas as águas do universo.

Serviço

“De mãos dadas com minha irmã”
Com a Cia Os Crespos
Temporada até 25 de fevereiro
Sábados, domingos e feriados, às 12h |
Ingressos: R$ 10 (credencial plena), R$ 15 (meia entrada) e R$ 30 (inteira)
Crianças até 12 anos não pagam
Duração: 80 min | Classificação Livre

FICHA TÉCNICA

Criação e produção – Cia Os Crespos
Direção – Aysha Nascimento
Direção Visual – Lucelia Sergio
Direção Musical – Beth Beli
Dispositivo Cênico – Lucelia Sergio e Ramon Zago
Dramaturgia e Roteiro de vídeo – Lucelia Sergio
Narração – Léa Garcia
Atriz – Lucelia Sergio
Dançarinas – Jazu Weda e Brenda Regio
Trilha sonora – Beth Beli, Dani Nega e Teo Ponciano
Elenco em Voz Off – Ailton Graça, Ayô Tupinambá, Aysha Nascimento, Alzira Espíndola, Dirce Thomaz, Fabiana Cozza, Flávio Rodrigues, Negra Rosa, e Rafael Ferro.
Instrumentos – Griot Toumani Kouyaté (Korá), Matheus Crippa, Ilú Obá de Mim – Adriana Aragão, Nenê Cintra, Adriana Quedas, Mônica Mendes, Talita Beltrame, Thaíssa Barbosa, Giselle de Paula, Ariane Carmo, Bárbara Magalhanis e Diana Maria.
Cantoras – Lenna Bahule, Matheus Crippa, Adriana Moreira, Jéssica Gaspar, Sara Hana, Negra Rosa, Janaína Cunha, Beth Beli, Adriana Aragão e Lucelia Sergio
Composições – Lucelia Sergio e Lenna Bahule
Desenho de som – Viviane Barbosa
Captação Sonora – Dani Nega, Maurício Caetano, Henrique Leoni e Teo Ponciano
Mixagem – Maurício Caetano e André Papi
Iluminação – Wagner Pinto e Gabriel Greghi
Personagens e Cenários em vídeo – Nirvana Santos, Alexandre Brejão, Ramon Zago e Felipe Domingos
Animação – Ramon Zago, Nirvana Santos e Felipe Domingos
Edição de vídeo – Ramon Zago
Consultoria de Arte – Telumi Hellen
Figurinos e Adereços – Tairone Porto e Guilherme Santti
Jóias – Ojire Art
Costureiras – Diamu Fallow Diop (Mama Nossa Cultura), Larissa Alves, Valéria Zago, Edna Moreira e Enrique Casas
Cenografia – Wanderley Wagner
Cenotécnicos – Fernando Zimolo, Joaquim Francisco, Tatiane Peixoto
Maquiagem – Guilherme Santti e Tasia de Paula
Fotografia – Isabel Praxedes e Mariana Ser
Dramaturgismo e assistência de direção primeira etapa – Willi Versi
Orientação Teórica – Onisajé
Palestrantes – Katiuscia Ribeiro e Aza Njeri
Preparação Corporal e coreografias – Janette Santiago
Preparação Corporal primeira etapa – Tainara Cerqueira e Luciane Ramos
Apoio de cena primeira etapa – Niara Ngozi
Preparação Vocal – Raniere Guerra
Operação Som – Mau Caetano e Lana Scott
Operação Luz – Felipe Thaça e Bruna Tovian
Operação de Vídeo – Ramon Zago
Contrarregragem – Joaquim Francisco
Direção de Produção – Rafael Ferro e Lucelia Sergio
Produção – Alencar Francisco, Mariana Mollys, Rafael Ferro e Ramon Zago
Designer – Bruno Marcitelli
Assessoria – Pedro Madeira e Rafael Ferro

Agradecimentos

Teatro de Container, Cia Mungunzá, Cia Os Inventivos, Teatro Ruth Escobar e à SP Escola de Teatro pela parceria. à Mãe Rosa de Oyá, Makota Ya Odomin, Ao Bábà Sidney de Xangô, Mãe Yara de Obá, Ilê Omo Ayê, Ya Odokere Nadia Sant’Anna e Mestre Lumumba pelos ensinamentos e acolhida. À Mãe Stella de Oxóssi, Naiara Paula Eugênio e Elizandra Souza por sua literatura. À Jandilson Vieira, Airá Fuentes e Natan Garcia, à Tereza Flor e à Sidney Santiago Kuanza pelo apoio e parceria.

Este projeto foi realizado com apoio do 35ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo (2020/ 2021) – Secretaria Municipal de Cultura em sua primeira etapa.

SOBRE A CIA OS CRESPOS

Os Crespos é um coletivo teatral de pesquisa cênica e audiovisual, debates e intervenções públicas, composto por artistas negros e negras. Formou-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e está em atividade desde 2005. A Cia. trabalha, há dezoito anos, a construção de um discurso poético que debata a sociabilidade do indivíduo negro na sociedade contemporânea, seus desdobramentos históricos e a construção de sua identidade, aliado a um projeto de formação de público e aperfeiçoamento estético.

A Cia circulou com espetáculos, intervenções e palestras por diversas cidades e estados do país, além de apresentações na Alemanha e Espanha. Tem em seu repertorio 7 espetáculos teatrais, 11 intervenções urbanas; a elaboração e publicação da revista de teatro negro Legítima Defesa, que está em seu quarto número; a Mostra Cinematográfica Faz lá o Café em parceria com o Grupo Clariô de Teatro, os curtas D.O.R, Nego Tudo e Imagem Autoimagem; e desde 2018, a Cia promove as “Segundas Crespas”, encontros entre artistas para discutir arte negra e é uma das organizadoras do Fórum de Performance Negra de São Paulo.

Entre os principais trabalhos, estão: Anjo Negro + A Missão (2006) dirigida pelo alemão Frank Castorf, diretor do Teatro Volksbühne; Ensaio Sobre Carolina texto e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo (2007); a trilogia Dos Desmanches Aos Sonhos (2011-2013), que investiga o impacto da escravidão na forma de amar dos brasileiros e é composta pelos espetáculos Além do Ponto com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, Engravidei, Pari cavalos e Aprendi a Voar sem Asas e Cartas à Madame Satã ou me Desespero Sem Notícias Suas, ambos com direção de Lucelia Sergio. Os Coloridos (2015) texto de Cidinha da Silva e direção de Lucelia Sergio; Alguma Coisa a Ver Com Uma Missão (2016) que tem dramaturgia de Allan da Rosa e direção coletiva do grupo.

Em 2019 a Cia realiza às Terças Crespas no Centro Cultural São Paulo, com a qual concorre ao Prêmio Aplauso Brasil 2019, na categoria Destaque. E em 2021 estreou seu novo filme Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol, premiado na 29ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, como “Melhor Curta-Metragem – Prêmio do Público”.

Para este ano, em que completa 18 (dezoito) anos de atividades ininterruptas, a Cia apresenta seu mais novo espetáculo juvenil “De mãos dadas com minha irmã”. Outras ações também estão no escopo da Cia, como o lançamento do quinto número da “Legítima Defesa – Uma Revista de Teatro Negro” e a estreia do espetáculo adulto “A Solidão do Feio”, a partir da vida e obra de Lima Barreto.

SESC BELENZINHO
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700

Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.

Transporte Público
Metrô Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)

Saiba mais em: Link