Daniel Belmonte, carioca de 29 anos é ator, diretor, roteirista formado em cinema pela PUC-RJ. Escreveu, dirigiu e protagonizou os filmes “B.O”. (Special Award Comedy Recognition no LABRFF) e “Álbum em Família” (exibido na mostra competitiva de longas-metragens do Festival de Gramado 2021).

Foi roteirista na Rede Globo dos programas “Zorra” e “A Gente Riu Assim”. É diretor da Cia Involuntária de teatro. Nela dirigiu os espetáculos “Peça Ruim, Uma Carta Perdida” e “Edward Bond Para Tempos Conturbados”. Como ator participou de diversos filmes e peças e de “Malhação ID”, na Rede Globo como o personagem Reco.

O que acontece quando você olha o mundo em volta de um buraco? Daniel Belmonte se assustou um pouco e jogou para dentro deste livro a poesia de quase tudo, esparramada em prosa, verso, corpo e sêmen.

Com prefácio de Claudio Leal e a orelha escrita por André Sant’Anna, “Cabeça Pra Fora do Buraco” – Editora Patuá – é sua segunda obra literária (primeiro livro de poesias) .

“A arte é uma maneira de esticar o pescoço. Esticar por cima da lama do dia-dia. Por cima da enxurrada de WhatsApps, Instagrams, tiktoks, streamings. Das milhares de notícias minuto a minuto, sobre política, assassinatos ou o novo affair de uma ex participante de reality. Esses poemas são o torcicolo causado pela tentativa de esticar o pescoço”, declara Daniel Belmonte.

Como escritor teve seu romance de estreia, “Laura é um nome falso para alguém que eu amei de verdade”, publicado também pela Editora Patuá, ano passado.

“A literatura de Daniel Belmonte está vivendo solta, Daniel Belmonte é bicho solto e vai ser difícil enquadrar esta Cabeça pra Fora do Buraco numa estante dividida entre gêneros literários. Os poemas de Daniel Belmonte não são bem uns poemas, mas são pura poesia, prosa pura. Mais aquela eterna juventude de quem escreve vivendo, vive escrevendo, nunca chegando em um lugar objetivo-definitivo, chegando em tantos lugares, em todos os lugares”, afirmou André Sant’Anna ao escrever a orelha do livro.

Cabeça Pra Fora do Buraco
Daniel Belmonte

A seguir, o prefácio do livro “Cabeça Pra Fora do Buraco”, escrito por Claudio Leal:

“O que acontece quando você olha o mundo em volta de um buraco? Daniel Belmonte se assustou um pouco e jogou para dentro deste livro a poesia de quase tudo, esparramada em prosa, verso, corpo e sêmen. Numa vertigem, empoleirado em cima de um móvel, na boca da janela, Belmonte anteviu a própria queda. Um recuo até o sofá. Suor na têmpora. O essencial deste livro nasceu desse suspiro de renúncia à morte. Ele jogou os dados, ganhou mais vida. E evitou varrer a sujeira do cotidiano de seu estilo, pois a conversão do banal em belo acende uma poética de formas híbridas, que talvez resultem em um diário poético romanceado.

Sua respiração em desordem, suas imagens enumerativas e sua auto-ironia melancólica formam uma escrita que é um reconhecimento de si mesmo e da experiência maluca de viver. Ele revive o martírio dos bares, a boa foda e o sexo frustrado, a morte de uma amiga, o lixo cultural da TV, a influência dos semideuses tropicalistas, a invasão mental dos bibelôs tecnológicos, o amor pós-romântico, o mundo de ponta-cabeça da pandemia e a melancolia de não saber o que fazer com a lucidez. Haja o que houver, viraremos plástico:

Humanos,
dinossauros,
aliens,
todos nos eternizaremos
no que nos extinguiu.
A garrafa de Coca Zero.

Além de poeta, Belmonte se fez cineasta, diretor teatral, ator e roteirista. Mesmo nos poemas ele orquestra personagens. No elenco de Cabeça Pra Fora do Buraco, seus amigos ganham o mesmo protagonismo de Zé Celso Martinêz, Tom Hanks, Haroldo de Campos, Gal Costa, Caetano Veloso, Raíssa, a Vice Miss Bumbum, Jojo Todynho, Torquato Neto, Marcello Mastroianni e Anouk Aimmé. Afinal, não se pode ser sério também aos 27 anos. Essa propensão ao imaginário pop o converte em um neto embriagado de Zé Agrippino de Paula. Seus mitos saem da tela:

Catherine Deneuve e Nino Castelnuovo aos prantos num café.
Presto mais atenção nas mãos que nas lágrimas.

O espírito geracional e a mitologia pessoal se enroscam nas memórias poéticas desse carioca que bebe um chope da cor do sol, inconsolável porque o tumulto do mundo se esvai – “Copacabana é já ter me mudado de lá”. Eu o conheci certa noite, em Botafogo, apresentado por George Sauma, flor de homem, outro amigo recriado em verso. Não faz tanto tempo assim. De um bar a outro, nas mal-iluminadas ruas de Botafogo, riscamos o itinerário de uma procissão, em busca do santo-graal da última cerveja. De cara me impressionou a expressão operística de seus olhos. O que ele via eu só pude saber com este livro. A rua ganhou mais luzes na vertigem de sua poesia”.

Claudio Leal

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