Alpha Mandê Griô, ancestralidade, cultura e música do oeste africano são tema de oficinas levadas a jovens de seis escolas da rede pública do Distrito Federal

Alpha Kabinet Camara, natural de Conacri, capital da Guiné, chegou a Brasília em 2016. Na bagagem, muito talento e a missão de difundir a tradicional cultura de sua terra, o que ele terá a oportunidade de fazer entre agosto e outubro, dentro do projeto Alpha Mandê Griô.

Com conhecimento em mais de 20 ritmos de países do oeste da África como Guiné, Costa do Marfim, Mali, Burkina Faso, Serra Leoa e Senegal– o que o torna uma autoridade em cultura Mandengue–, ele tem como objetivo levar essa riqueza ancestral a crianças e adolescentes durante oficinas realizadas em escolas públicas do Cruzeiro, Núcleo Bandeirante e da Candangolândia.

Financiado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, o projeto converge com a lei 10.639, de 2003, que estabelece a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo oficial da rede de ensino.

“Eu amo o Brasil desde criança e sempre sonhei em vir para cá. Minha arte me permitiu viver essa experiência. É maravilhoso ver como esses dois países irmãos têm tanto em comum, principalmente em relação à música e à dança, que são sagradas para mim. E este projeto é uma forma de reforçar nos mais jovens a importância das tradições, de se valorizar os traços que nos unem, nos aproximar de nossas origens. É também uma forma de retribuir a acolhida que meus irmãos brasileiros me oferecem. Onde há música, arte e cultura, há fraternidade”, declara Alpha.

As atividades acontecerão em seis escolas, sendo quatro delas no Cruzeiro, uma na Candangolândia e uma no Núcleo Bandeirante. Cada oficina, que será oferecida em ambos os turnos de todas as escolas beneficiadas, será composta de cinco encontros, ficando o último destinado à apresentação especial com instrumentistas e bailarinos, voltada, exclusivamente, para a comunidade escolar.

Cerca de 180 alunos participarão das oficinas de percussão conduzidas por Alpha Kabinet Camara– o “mandê griô”– e seu grupo. Nelas, além de música, haverá muita arte e informação sobre a cultura Mandengue para que se possa compreender e usufruir melhor dessa tradição.

“É preciso jogar luz sobre contribuições da cultura africana na formação da identidade brasileira, ajudando a desconstruir o preconceito e ignorância que costumam perseguir culturas e religiões de matriz africana. Alpha é parte do processo de redescobertas culturais do oeste africano que ocorre atualmente, com artistas brasileiros cruzando o Atlântico para beber na fonte de seus ancestrais, e artistas africanos fazendo o caminho inverso para viver de arte no país, ainda marcado pela exploração de descendentes daquele Continente”, afirma Adriano Campos, elaborador e gestor do projeto.

Referência

O título de Mandê Griô traduz a existência de Alpha Kabinet Camara em profundidade. Podemos entendê-lo como um mestre da tradição Mandengue, mas vai além. O termo Griô, de raiz africana, é usado para se referir àquele que mantém a tradição oral das histórias de seu povo, inclusive através da poesia, da música e da dança. É também uma liderança com autoridade para aconselhar pessoas e mediar conflitos em sua comunidade.

Alpha, desde muito jovem, foi preparado e vem adquirindo conhecimentos para desempenhar uma grande responsabilidade: passar adiante e manter vida sua cultura. É uma missão que ele carrega para onde quer que vá. Alpha Mandê Griô traz em si a ancestralidade que muitos desconhecem e que, apesar de ter se desenvolvido no continente africano, espalhou-se para o mundo e tem papel na formação da cultura nacional brasileira.

Serviço:

21 a 25/08 – EC 05 DO CRUZEIRO
28/08 a 01/09 – EC 06 DO CRUZEIRO
11 a 15/09 – CEF METROPOLITANA (NÚCLEO BANDEIRANTE)
18 a 22/09 – CEF 01 (CANDANGOLÂNDIA)
25 a 29/09 – EC 08 DO CRUZEIRO
02 a 06/10 – CEF ATHOS BULCÃO (CRUZEIRO NOVO)

Site: www.alphamandegrio.com
Instagram: @alphamandegrio