Cia Burlesca abre o mês de luta das mulheres com espetáculo “A Legítima História Verdadeira”, revelando o legado de duas guerreiras pela terra e dignidade brasileiras

O espetáculo “A Legítima História Verdadeira” traz para o centro do histórico conflito territorial presente em nosso país a vida humana. Quanto vale cada corpo diante do valor monetário da terra? Qual a função do chão que habitamos quando ele está a serviço do mercado financeiro e não da vida? Margarida Alves e Roseli Nunes não aceitaram a lógica mercantilista imposta pela desigual estrutura fundiária brasileira e acompanhadas de tantos outros lutaram por uma sociedade que se organize a partir da partilha, do bem comum, da solidariedade e do amor.

A ideia surge do desejo de dar continuidade em contar histórias de mulheres do nosso país que são proposital e historicamente apagadas, como aconteceu com Benedita Cipriano Gomes, líder comunitária de Lagolândia em Goiás, tema do espetáculo “Bendita Dica” da Cia Burlesca que desde 2016 realiza apresentações pelo Brasil.

Do desejo à ação, o grupo escreveu o projeto de montagem “Margarida e Roseli: Guerreiras de Ponta a Ponta do País”, e foi aprovado no edital do Fundo de Apoio à Cultura do DF. No processo de pesquisa, o grupo sentiu necessidade de conhecer as histórias de Roseli e Margarida de perto, e partiram em 2019 até o Rio Grande do Sul e Paraíba para caminhar pelo chão das experiências revolucionárias dessas mulheres e seus parceiros e parceiras de luta.

São pedaços de um Brasil profundo, desconhecido para a maioria da população do país, em que o povo de forma corajosa e ousada derrubou as cercas do latifúndio e ocupou a terra com plantios, educação popular, valorização da cultura camponesa e relações sociais e econômicas pautadas pelo coletivo. E essas viagens só foram possíveis pela força do coletivo, da rede de solidariedade construída junto ao MST, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande e do Instituto Penha e Margarida (IPEMA).

De volta a Brasília, o elenco compartilhou tudo que viveu e aprendeu com a diretora do espetáculo Patrícia Barros. Dezenas de horas de áudios gravados, centenas de fotografias capturadas, milhares de emoções eternizadas. Com esse rico material, partirmos para a sala de ensaio, para levantar um espetáculo desafiador, visto a responsabilidade que é contar a trajetória de mulheres tão fortes e inspiradoras para construir um país mais justo e igualitário para todos. Em 2022, depois de um longo período pandêmico, a Cia Burlesca finaliza a montagem do espetáculo, e estreia “A Legítima História Verdadeira”: um espetáculo autoral, biográfico, documental, popular e épico.

Agora em 2024, depois de circular por áreas da reforma agrária, escolas do campo e da cidade e espaços de formação, chegou a hora de se apresentar em teatro. No primeiro final de semana de março (1, 2 e 3), o grupo estará no SESC da 504 sul, com bate-papo após todas as sessões do espetáculo e no sábado (dia 2), ministrarão uma oficina de teatro com o título “Mulheres fazendo história”.

“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”

Serviço

Espetáculo e bate papo “A Legítima História Verdadeira”
Dias 1, 2 e 3 de março
Sexta e sábado às 20h e domingo às 19h
Classificação: 10 anos
Duração: 50 minutos
Ingressos no sympla: https://www.sympla.com.br/a-legitima-historia-verdadeira__2334529

Oficina de teatro “Mulheres fazendo história”

Dia 2 de março
Das 15h às 18h
Gratuito
Informações: (61) 99208-9573
Instagram: @ciaburlesca

Ficha Artística

Direção: Patrícia Barros
Elenco: Julie Wetzel, Lyvian Sena e Pedro Henrick
Dramaturgia, Cenário e Figurino: Cia Burlesca
Iluminação Jullya Graciela
Costureiro: Luiz Fernando Alta-Costura
Bilheteria: Juliana Brito
Músicas: Julie Wetzel, Lyvian Sena e Pedro Caroca
Mixagem: Antonio Leite
Artista gráfico: Nara Oliveira
Fotógrafo: Matheus Alves
Produção e Gestão: V4 Cultural